domingo, maio 08, 2016

O MAIOR AMOR DO MUNDO (Mother's Day)



Bem que Garry Marshall podia ficar quietinho em seu lugar em vez de sujar o seu nome com esses filminhos bobos recentes. O diretor dos pequenos clássicos UMA LINDA MULHER (1990) e FRANKIE & JOHNNY (1991) agora virou especialista em filmes-coral superficiais com temáticas de datas comemorativas. Depois de "homenagear" o Dia dos Namorados com IDAS E VINDAS DO AMOR (2010) e o réveillon com NOITE DE ANO NOVO (2011), ele agora fala sobre o Dia das Mães em O MAIOR AMOR DO MUNDO (2016).

Vale lembrar que a estrutura do filme-coral não necessariamente precisa ser superficial, só por não ter muito tempo para dar profundidade a seus personagens. Lembremos de obras-primas como SHORT CUTS – CENAS DA VIDA, de Robert Altman, TODOS DIZEM EU TE AMO, de Woody Allen, ou mesmo o nosso O SOM AO REDOR, de Kleber Mendonça Filho. E até podemos entrar no território das comédias românticas aparentemente mais bobas, como o delicioso e marcante SIMPLESMENTE AMOR, de Richard Curtis.

Portanto, não há justificativa para tentar disfarçar a falta de substância neste O MAIOR AMOR DO MUNDO, que aqui no Brasil ganhou o título de um filme de Cacá Diegues. Como são vários núcleos, algum tinha que funcionar, mas os que mais se aproximam disso, são: a história do casal de velhinhos que viaja para fazer uma surpresa às suas duas filhas, que escondem segredos deles, justamente por eles serem muito tradicionais e preconceituosos; e a história do jovem casal que vive junto, mas que por algum motivo ela não quer casar formalmente, mesmo já tendo um filho da união. O primeiro vale por ter algum momento de riso, o segundo por conseguir, pelo menos a princípio, causar simpatia no espectador.

Já as histórias que demandam mais tempo são justamente as mais frágeis, como a da mulher (Jennifer Aniston) que agora precisa dividir o filho com a nova esposa do ex-marido (Timothy Olyphant); ou a do viúvo (Jason Sudeikis) que acaba desempenhando o papel de pai e mãe de duas filhas depois da morte da esposa (Jennifer Garner); ou a história de uma celebridade de programas de propaganda (Julia Roberts) que tem uma filha biológica e não a assume.

Todas essas histórias teriam um potencial para emocionar, mas é uma pobreza tão grande no modo como elas são desenhadas, que só despertam mesmo tédio no espectador. O que justifica essa gama de atores famosos todos juntos (e aí incluímos também Kate Hudson, a jovem Britt Robertson e o veterano Hector Elizondo) é provavelmente o senso de companheirismo conquistado junto a trabalhos anteriores com o diretor ou com alguém do elenco – Britt Robertson trabalhou com Aniston em CAKE – UMA RAZÃO PARA VIVER, enquanto Aniston, por sua vez, trabalhou com Sudeikis em QUERO MATAR MEU CHEFE e sua continuação.

Assim, tudo acaba funcionando como um grande churrasco na piscina cuja diversão se restringe ao elenco e equipe técnica. Mesmo assim, como é um filme descompromissado e despretensioso, pode funcionar como uma diversão leve quando bem acompanhado.

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