segunda-feira, maio 30, 2016

TRÊS FILMES ITALIANOS



Já faz algum tempo que o cinema italiano vem passando por uma crise criativa, principalmente entre seus novos realizadores. Com a morte dos grandes (Ettore Scola se foi não faz muito tempo), poucos estão conseguindo fazer alguma coisa que chegue perto da sombra que foi essa cinematografia nas décadas de 1960 e 1970, quando era uma das melhores e mais ricas do mundo. Falemos, então, muito rapidamente, de três obras mais ou menos recentes do país da bota.

ANOS FELIZES (Anni Felici)

Já faz um tempão que vi este, portanto é um exercício de memória. Lembro de ter gostado bastante de ANOS FELIZES (2013, foto), de Daniele Luchetti, e demorei demais a escrever a respeito. Passou no Cinema de Arte, na época do Iguatemi, ainda. Gostei muito de como o filme trabalha duas necessidades: a de fazer arte e a de se envolver amorosamente, ainda que o amor sofra algum desgaste ao longo dos anos. No pouco que me lembro de ANOS FELIZES, há uma viagem que o protagonista faz para exibir sua arte pouco ortodoxa e a esposa, suspeitando de traição, acaba indo vê-lo, contra sua vontade. A cena da mulher se despindo entre os espectadores é certamente a mais memorável. Mas há um sentimento geral muito bonito que o filme transmite com eficiência e carinho.

O VINHO PERFEITO (Vinodentro)

Um dos grandes chamarizes de O VINHO PERFEITO (2013), de Ferdinando Vincentini Orgnani, é a presença de Giovanna Mezzogiorno, ainda que num papel relativamente pequeno. Quem se apaixonou pela atriz em O ÚLTIMO BEIJO e se encantou ainda mais com sua performance em VINCERE espera sempre mais dela. Mas o personagem principal é um degustador de vinhos vivido por Vincenzo Amato. Na verdade, ele é um ex-funcionário de banco que se tornou o maior especialista em vinhos da Itália. Há uma trama de crime e suspense que não prende, só aborrece e faz referência a alguns outros filmes, mas que não se sustenta por si só. É um filme que nem merecia ser lançado em circuito, levando em consideração a possibilidade de haver outros mais interessantes que permanecerão inéditos.

FOGO NO MAR (Fuocoammare)

Uma pena que o Urso de Ouro em Berlim tenha ido para uma obra que perde o foco e não sabe direito para que lado atirar. Sem falar no quanto ele parece se importar por um dos temas principais, que é a questão das centenas de milhares de migrantes que desembarcam na ilha de Lampedusa. FOGO NO MAR (2016) acaba tratando essas pessoas como corpos, sem muita importância, sem individualidade. Há um garotinho morador da ilha que é acompanhado pelo diretor Gianfranco Rosi na história. Ele tem que usar um tapa-olho para ficar bom do olho preguiçoso. Acaba sendo um personagem curioso, mas nada além disso. Não muita coisa, além das questões política e social, que justifique o prêmio principal para este filme em Berlim.

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