quarta-feira, abril 30, 2014

YVES SAINT LAURENT























Moda não é exatamente algo que me entusiasme. Sou do tipo que tem poucas calças (jeans), que não liga muito pra comprar roupa, a não ser que esteja faltando, e ando com o mesmo relógio barato e surrado para todo canto. Sem falar nos tênis, que também tenho poucos. E durante as festas do Oscar sempre acho uma bobagem quando o entrevistador pergunta à celebridade o que ela está vestindo. Mas sei a importância comercial da coisa. Porém, é preciso também encarar esse tipo de arte com mais seriedade.

O próprio Yves Saint Laurent, como podemos ver nesta cinebiografia, considerava a moda como uma arte menor em comparação com a Literatura e a Pintura. E não vou dizer que é pura modéstia dele, mas uma espécie de lucidez. Porém, tanto a moda quanto a culinária são formas de arte "menores" que merecem sim mais respeito e consideração dentro dos círculos da "alta arte".

YVES SAINT LAURENT (2014), de Jalil Lespert, nos ajuda a enxergar esse universo além do que normalmente é pensado em linhas gerais: como sendo um universo sem profundidade. No entanto, ao vermos o desenvolvimento da narrativa do filme, de 1957 até meados dos anos 1970, já podemos ver o quanto cada estilo de roupa (e de penteado) dita a cara de cada época, o quanto é essencial para definir aquele momento. É fácil perceber, por exemplo, a mudança radical quando YSL percebe que precisa acompanhar a contracultura para não ficar pra trás.

No filme, o estilista é interpretado por Pierre Niney, que assim como Guillaume Gallienne, de EU, MAMÃE E OS MENINOS, é apresentado como sendo da Comédie-Française. E os dois atores apresentam personagens totalmente opostos: enquanto Niney é um Yves cheio de fragilidade e incapaz de fazer outra coisa na vida a não ser desenhar modelos de vestidos, o homem que seria seu companheiro (Gallienne) é mostrado com maior virilidade, com a força de quem tem que organizar os negócios de Yves, além de ser capaz de pegar por trás também uma jovem que sempre foi a menina dos olhos de Yves, vivida pela bela Charlotte Le Bom. Inclusive, quando ela sai de cena, o filme perde um pouco da graça.

Ainda assim, YVES SAINT LAURENT é uma biopic eficiente, mesmo que não traga nenhuma novidade no campo estético-narrativo. Serve para que os leigos (como eu) conheçam quem foi o estilista. No meu caso, como tenho certo carinho por personagens frágeis, acabei simpatizando com o modo como o filme o mostrou. Se fugiu ou não de como foi o verdadeiro YSL, aí já é outra coisa. E isso não está nos méritos do filme, que sempre será uma obra de ficção, não importando suas fontes.

Um comentário:

Anônimo disse...

pretty nice blog, following :)