quinta-feira, novembro 07, 2013

TRÊS CINEBIOGRAFIAS



Quem viu SOMOS TÃO JOVENS e reclamou precisa ver o que anda sendo feito de cinebiografia por aí afora. E cinema feito em países de grande tradição no gênero. É até possível listarmos bons ou até ótimos títulos, mas é frequente encontrarmos filmes fracos, que tropeçam até mesmo como mera narrativa da vida do objeto de estudo, mesmo quando focam apenas em determinado momento. Vejamos os casos destes três títulos.

JOBS (jOBS)

Quando o filme começa, mostrando um já maduro Steve Jobs segurando um iPod e dizendo o quanto aquilo ali é revolucionário, já dá pra perceber que vem muita presepada pela frente. Em seguida, JOBS (2013) volta aos tempos de estudante do biografado, quando ele ficou fascinado quando um amigo lhe mostrou pela primeira vez uma placa-mãe de um computador da década de 70. Não deixa de ser curioso ver a evolução do personagem e da própria informática ao longo do filme, bem como o modo como Steve Jobs se fecha como um gênio e acaba perdendo os amigos. Mas apesar de mostrar esse lado um tanto sombrio do personagem, o filme é bem chapa branca e não tem como não imaginá-lo como sendo uma grande propaganda da Apple. Bem mais do que OS ESTAGIÁRIOS é propaganda do Google. Quanto a Ashton Kutcher, não foi dessa vez que um personagem dramático lhe trouxe prestígio da crítica e do público mais exigente.

DIANA 

Diferente de JOBS, que procurou abarcar um período bem longo da vida do cientista, DIANA (2013) acompanha a vida da Princesa Diana em um momento em que ela já havia declarado sua separação com o Príncipe Charles, mostrando a sua dificuldade em ter uma vida privada, longe dos benditos paparazzi. As coisas se complicam ainda mais quando ela se apaixona por um cirurgião, vivido no filme por Naveen Andrews, o eterno Said, de LOST. Naomi Watts até está bem no papel da princesa do povo, mas o filme não ajuda e em nenhum momento sentimos um pouco da paixão entre os dois personagens, por mais que haja diversas situações que contribuam para isso. O diretor Oliver Hirschbiegel, de A QUEDA! AS ÚLTIMAS HORAS DE HITLER (2004), parece que vai ficar famoso mesmo pelo trecho de Hitler que até hoje é usado em diversas paródias. De DIANA, salva-se a reconstituição de época. Mas isso já é uma obrigação de quem faz filme com um orçamento considerável.

HANNAH ARENDT

Eis um caso típico de filme endereçado a públicos bem específicos. No caso, o público conhecedor do trabalho da filósofa política que experimentou o campo de concentração por ser uma judia, mas também foi bastante criticada pelos próprios judeus por questionar o grau de vilania de um nazista que estava na posição de réu no famoso julgamento de Nuremberg, ocorrido em Jerusalém. HANNAH ARENDT (2012) foca apenas este episódio da vida da personagem e em muitas ocasiões é uma obra um tanto aborrecida, sem muito vigor cinematográfico. O maior vigor do filme está nas palavras sábias de Hannah e nas sequências que mostram o julgamento, com imagens reais do acusado. Deu até vontade de ver JULGAMENTO EM NUREMBERG, de Stanley Kramer. Fica faltando organizar o meu tempo e as prioridades. Quanto ao filme de Margarethe von Trotta, diretora de ROSA LUXEMBURGO (1986), tem os seus momentos, destaque para a ótima interpretação de Barbara Sukowa, lembrada no passado pelo seu papel em LOLA, de Rainer Werner Fassbinder.

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