segunda-feira, julho 22, 2013

REENCONTRANDO A FELICIDADE (Rabbit Hole)























Quando vi HEDWIG – ROCK, AMOR E TRAIÇÃO (2001) nos cinemas, na época de sua exibição, fiquei bastante animado com o filme e interessado na filmografia de seu diretor, John Cameron Mitchell. O problema é que ele demorou demais a dirigir outro filme e, apesar das atrativas polêmicas sexuais, acabei não vendo, até agora, SHORTBUS (2006). Até porque não foi um filme que foi exibido por aqui. Caso semelhante ocorreu com REENCONTRANDO A FELICIDADE (2010), seu terceiro longa, com a diferença que, agora, vários amigos elogiaram o filme, a ponto de eu ficar bem mais curioso para conferi-lo.

E, de fato, REENCONTRANDO A FELICIDADE é um belo filme, que tem um intimismo feminino que até lembra obras de escritoras como Clarice Lispector e Virginia Woolf. A personagem de Nicole Kidman, Becca, é uma mãe que sofre com a perda ainda recente do filho pequeno e seu casamento passa a entrar em crise, apesar de o marido Howie (Aaron Eckhart) tentar colocá-lo novamente nos trilhos, a começar por tentativas de restabelecer a vida sexual perdida.

Mas o filme não se prende apenas à Becca. O narrador onisciente também acompanha os passos de Howie, que começa a ter uma relação mais próxima com uma mulher (Sandra Oh) que frequenta com eles um grupo de terapia com pessoas que perderam um ente querido. Há também a relação bastante incômoda de Becca com sua mãe (Dianne Wiest). No entanto, o que mudará o comportamento de Becca é o encontro dela com o rapaz que foi de certa forma responsável pela mudança (pra pior) na vida da protagonista. Os diálogos dos dois em um parque estão entre os mais sensíveis e emocionantes de todo o filme, que trata tudo com uma emoção à flor da pele, sem, no entanto, abraçar de corpo inteiro o registro do melodrama. Cameron Mitchell prefere a sutileza.

O filme é baseado em uma premiada peça da Broadway, de 2006, e despertou o interesse de Nicole Kidman, aqui atuando pela primeira vez como produtora. O roteiro acabou caindo nas mãos do diretor John Cameron Mitchell, que, por ter perdido um irmão de dez anos de idade, sabe como é a dor que é ter que seguir em frente sentindo a falta do ente querido. REENCONTRANDO A FELICIDADE mostra duas maneiras de encarar a falta do filho: seja em busca de negar ou esquecer o acontecido, como faz Becca, seja revendo todos os dias um vídeo com a criança, caso de Howie. De uma forma ou de outra, ambos lidam com a dor, e o filme trata o assunto com propriedade.

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