terça-feira, julho 23, 2013
O CONCURSO
Quem gostou de VAI QUE DÁ CERTO, uma das melhores comédias brasileiras dos últimos anos, até pode ficar um pouco esperançoso com O CONCURSO (2013), estreia no cinema de Pedro Vasconcelos, diretor de programas de televisão da Rede Globo desde os anos 1990. Infelizmente o que há de comum entre os dois filmes é apenas a presença de Danton Mello e Fábio Porchat, que continuam muito bons no que fazem, mas, com um roteiro fraco e piadas que nem sempre funcionam, acabam sendo subutilizados.
Ainda assim, O CONCURSO é diversão escapista agradável de ver, caso não se espere nada além de uma comédia besteirol. O filme brinca com estereótipos de quatro finalistas de um concurso para juiz federal. Um vem de Minas Gerais (Rodrigo Pandolfo), outro do Ceará (Anderson De Rizzi), outro do Rio Grande do Sul, mais exatamente de Pelotas (Fábio Porchat), e o outro é do Rio de Janeiro (Danton Mello). Assim, o mineiro é tímido, o cearense é supersticioso e religioso (às vezes lembra mais o perfil de um baiano), o gaúcho é gay e o carioca é malandro.
Não cheguei a acompanhar muitas críticas, mas o filme deixa margem para que boa parte dos espectadores critique a visão estereotipada, principalmente em relação aos gays, e também as piadas envolvendo anões e mulher gostosa - a propósito, Sabrina Sato estreia nos cinemas no papel de uma mulher que tem fixação pelo tímido personagem de Rodrigo Pandolfo. Chega a dar um pouco de saudade do que se fazia nas pornochanchadas das décadas de 70 e 80, quando se podia ir mais longe com esse tipo de piada.
Uma vez que os personagens são devidamente apresentados, e de maneira bastante divertida até, o filme se encarrega de fazê-los participar da aventura de viver um fim de semana no Rio de Janeiro em busca de um gabarito da prova com chefes de quadrilhas nos morros cariocas. Um dos melhores momentos é quando o personagem de Danton Mello põe droga em três de quatro copos de refrigerante para fazer com que todo mundo fique muito louco em um baile funk.
Sabrina Sato até se esforça, mas sua subtrama com Pandolfo é a que menos funciona no filme. A cena de Porchat travestido junto com um grupo de drag queens também não chega a ser nada inteligente. Por outro lado, a cena de De Rizzi em um terreiro de umbanda não deixa de ser bem divertida. Já Danton Mello está bem à vontade no papel do malandro carioca. Ele parece não se esforçar muito para compor o seu personagem e por isso é o que fica menos próximo de uma caricatura.
Este SE BEBER NÃO CASE brasileiro até tem o seu charme e é simpático o suficiente para sairmos do cinema sem ficarmos muito incomodados. Talvez por já vermos muitas comédias brasileiras recentes capazes de nos deixar bem constrangidos. Não é o caso de O CONCURSO, que é, aparentemente, inofensiva, embora isso também possa ser questionado, levando em consideração justamente os estereótipos. De todo modo, não sou eu quem vai jogar pedra no filme.
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