sábado, julho 13, 2013
AQUI, TARADOS!
Essas antologias regadas a sexo e produzidas, em sua maioria, nos bons tempos da Boca do Lixo, renderam belos exemplares. Como foi o caso de AS SAFADAS, de Carlos Reichenbach, Inácio Araújo e Antônio Melliande; A NOITE DAS TARAS, de John Doo, David Cardoso e Ody Fraga; PORNÔ!, de Luiz Castellini, David Cardoso e John Doo; ou, partindo para outro grupo de cineastas, o bem menos carregado de sexualidade gráfica CONTOS ERÓTICOS, de Roberto Santos, Roberto Palmari, Eduardo Escorel e Joaquim Pedro de Andrade. Mas é da turma da Boca, especialmente da Dacar, empresa de David Cardoso, que nasceu este AQUI, TARADOS! (1981), uma versão bem mais transgressora e sombria dessas antologias, embora não seja, em sua totalidade, tão bom quanto AS SAFADAS ou A NOITE DAS TARAS.
Mas há algo em AQUI, TARADOS! que faz a diferença e o torna, de certa forma, uma pequena joia: o segmento "O Pasteleiro", de David Cardoso, estrelado por John Doo e a bela e sensualíssima Alvamar Taddei. Como já dá para prenunciar desde o começo, os tais pastéis especiais produzidos pelo chinês vivido por Doo, só podem ser feitos da carne de suas vítimas. Aí, cria-se uma tensão constante desde o momento em que o maníaco leva a prostituta vivida por Alvamar para sua casa e fica enrolando a moça até conseguir o que quer. O mais importante, portanto, não é a história, mas o modo como ela é contada. E também a própria criação do personagem de Doo, genialmente diabólico. E, nisso, temos de dar os parabéns a David Cardoso, que assina a direção desta pequena joia da cinematografia brasileira, que pode, inclusive, ser vista como um dos maiores representantes do horror nacional.
Os outros segmentos perdem feio na comparação, embora o primeiro, "A Tia de André", de John Doo, carregue em sua essência não apenas o tabu de transar com a própria tia (Sônia Garcia), quando se é adolescente, mas principalmente o tesão de ter aquela idade, estar com os hormônios à flor da pele e estar ao lado de uma mulher muito gostosa. A narração em voice-over dos pensamentos do jovem rapaz, desde que pega a tia no aeroporto, até o momento em que consegue ir pra cama com ela, é também outro ponto positivo e dá um ar de bem-vinda sem-vergonhice ao segmento, que tem uma trama bem simples.
Já o segundo, "A Viúva do Dr. Vidal", de Ody Fraga, é o mais fraco. O segmento não chega a ser minimamente excitante. A não ser que alguém curta a ideia de transar do lado de um cadáver. Na trama, uma viúva (Zaira Bueno) manda todo mundo sair do velório e fica com apenas o defunto e um amigo dele. Lá, ela pretende se vingar de todos os anos que sofreu com o cafajeste do marido, fazendo sexo com outro homem em pleno velório. O que há de interessante neste segundo segmento é o fato de trazer um pouco mais de elementos sombrios e preparar terreno para "O Pasteleiro", este sim, difícil de esquecer.
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