domingo, abril 14, 2013

OBLIVION























Não dá para negar que a carreira de Tom Cruise é uma das mais bem-sucedidas de Hollywood. Com a tendência a buscar quase sempre grandes diretores para dirigi-lo, nos anos 1990 e 2000, o ator aos poucos foi mostrando uma necessidade cada vez maior de controlar seus filmes, principalmente a partir do momento em que se tornou também produtor, com MISSÃO: IMPOSSÍVEL (1996), de Brian De Palma.

Talvez, por isso, nos últimos anos, tenha deixado de trabalhar com autores de grande calibre para poder ter ainda mais controle de suas produções, atuando em filmes de diretores pouco conhecidos, como é o caso de Joseph Kosinski, de TRON – O LEGADO (2010). O fato é que OBLIVION (2013), ainda que seja um filme que tenha o seu charme e que conte com mistérios que só aos poucos são desvendados, é um trabalho que cansa em sua duração. E 126 minutos hoje é duração até de certas comédias.

O trailer já denuncia que há algo de MATRIX na trama de OBLIVION. O início do filme, com imagens em preto e branco mostrando uma mulher (Olga Kurylenko) que insiste em aparecer nos sonhos do protagonista e sua voice-over dizendo que sua companheira de trabalho (e de sexo) (Andrea Riseborough) não compartilha de memórias similares, também denuncia que há algo de errado naquela rotina que ele leva.

Felizmente, a trama, baseada em uma graphic novel do próprio Joseph Kosinski com desenhos de Arvid Nelson, é intrincada o bastante para prender a atenção e o interesse, pelo menos até certo momento. A produção caprichada, com naves com design diferente, uma estação espacial em formato de pirâmide e armas arredondadas e furiosas, também conta pontos. Há também uma Terra devastada e cinza, como a mostrada em WALL-E, a animação da Pixar. Aliás, o trabalho de Jack Harper, o personagem de Cruise, é também parecido com o do robozinho: fazer a manutenção do planeta, enquanto o resto da humanidade está em Titã, a principal lua de Saturno.

Há sequências de ação interessantes, os momentos contemplativos (com direito a "Ramble On", do Led Zeppelin) são bonitos, assim como a nudez de Riseborough na piscina é algo a se apreciar, mas há problemas de ritmo no filme. E isso é uma de suas maiores falhas, embora haja algumas surpresas na trama, mesmo já se suspeitando do principal desde o começo.

Outro problema é a falta de mais emoção quando do surgimento da personagem de Olga Kurylkenko e quando o personagem descobre quem ele realmente é. Por isso o desfecho acaba sendo tão frio quanto o mundo asséptico no qual ele trabalha com sua companheira. Ainda assim, é um filme que merece ser visto, até para apreciar a bela fotografia de Claudio Miranda, o diretor de fotografia chileno ganhador do Oscar por AS AVENTURAS DE PI.

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