domingo, julho 12, 2009

A PROPOSTA (The Proposal)



Uma bela supresa este A PROPOSTA (2009), de Anne Fletcher, que havia dirigido antes o simpático VESTIDA PARA CASAR (2008). Com sorte, ela pode se tornar uma das boas especialistas nesse que é um dos mais tradicionais subgêneros do cinema americano. A comédia romântica faz a alegria dos espectadores de todo o mundo desde pelo menos a década de 30. E com a falta de comédias realmente engraçadas, não deixa de ser uma satisfação topar com este bem sucedido retorno de Sandra Bullock ao estilo que a consagrou. Há quatorze anos, ela deixou muita gente encantada com o hoje pouco lembrado ENQUANTO VOCÊ DORMIA. E de lá pra cá, ela soube lapidar o seu talento. Ela nunca esteve tão divertida como neste filme, interpretando uma chefe carrasca que, vendo a possibilidade de ser deportada (ela é canadense), inventa um casamento com seu secretário - interpretado por Ryan Reynolds - para conseguir cidadania americana.

Claro que o filme segue muito a fórmula tradicional das comédias românticas. Do enredo, é possível, inclusive, lembrar de imediato de outros títulos, como GREEN CARD - PASSAPORTE PARA O AMOR e O DIABO VESTE PRADA, para citar as comparações mais óbvias. Sem falar que o final segue o clichê mais manjado do gênero. Mas o filme faz tudo tão bem e a narrativa é tão fluida e agradável que me peguei emocionado no final. A PROPOSTA não é uma versão requentada do gênero: o filme traz uma série de elementos novos e interessantes que fazem a diferença.

Só o fato de a maior parte da trama se passar numa cidade do Alasca em pleno verão, onde a noite inexiste, já o torna interessante. Águias que "sequestram" poodles também é novidade pra mim. Além do mais, o filme tem outro trunfo: Oscar Nuñez, mais conhecido como o Oscar de THE OFFICE. Seu papel é bem engraçado e dá ao filme um agradável ar de comédia-pastelão. Também não devemos nos esquecer da senhora que faz o papel da avó do personagem de Reynolds, a simpática Betty White, que rende outros momentos bem divertidos.

A PROPOSTA é mais um filme que aposta na queda das máscaras, mostrando o relacionamento entre duas pessoas que não têm nada a ver uma com a outra, que se odeiam até, mas que aos poucos vão se conhecendo e o amor vai surgindo. Ryan Reynolds faz um trabalho digno, mas é Sandra Bullock quem mais brilha, tanto nos momentos cômicos quanto nos mais dramáticos. Muito bonito ver o desenvolvimento de sua personagem; o modo como, aos poucos, as barreiras que a tornaram uma pessoa amarga vão caindo. E pode até soar um pouco piegas isso, mas aí é que está o mérito do filme: conseguir trafegar por um território tão arriscado e tão passível de erros. Fazer uma comédia romântica hoje em dia é mais arriscado do que fazer um filme de horror – pra citar outro gênero que vive dos clichês -, pois o nível de tolerância do público com as cenas mais ternas pode fazer de uma boa ideia um completo desastre em questão de minutos. Felizmente, Anne Fletcher acerta a mão do começo ao fim e nos entrega um dos melhores exemplares do gênero da atualidade.

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