quarta-feira, outubro 19, 2005

O VIRGEM DE 40 ANOS (The 40 Year Old Virgin)

 

Ver o O VIRGEM DE 40 ANOS (2005) foi um alívio pra mim. Já estava achando que eu tinha me transformado num sujeito ranzinza. A maior parte das comédias recentes que vi no cinema, achei-as bem sem graça. Até suspeitava que era pelo fato de eu tê-las visto sozinho, que eu estava meio deprimido e não estava me dando conta disso. A última comédia que eu tinha visto no cinema e que tinha realmente gostado foi AMOR EM JOGO, dos irmãos Farrelly, que eu vi acompanhado. Mas esse filme não conta tanto, já que ele me encantou mais pelo romance e pela identificação com o protagonista do que pelas piadas em si. 

O VIRGEM DE 40 ANOS é a comédia mais engraçada do ano até o momento. É verdade que esse ano não está muito bom pra comédias, mas mesmo assim deixo registrado o superlativo. O filme também é representativo desse atual momento da sociedade, do fenômeno da adolescência prolongada, conseqüência também do aumento na expectativa de vida. Já ouvi dizer que atualmente a adolescência vai até os 35 anos. Os jovens estão demorando mais a sair da casa dos pais. Eu gosto dessa idéia. Passa uma sensação de que eu ainda tenho muito tempo pela frente, de que eu não preciso me preocupar muito com as coisas que eu deixei de fazer no passado - e que deveria ter feito. Em determinada cena do filme, o personagem de Paul Rudd fala para o quarentão virgem (Steve Carell) que ele não é tão velho assim, que hoje os 40's são os novos 20's. 

O personagem de Carell tem um bloqueio que foi aumentando com o passar dos anos. Ele sempre teve medo de se aproximar das mulheres. Depois de algumas tentativas frustradas de fazer sexo no passado, ele simplesmente desistiu da idéia com o tempo. Nem masturbação passa mais por sua cabeça. Ele vive num estado de infantilização, onde o sexo é algo sujo e pouco atraente. Prefere ficar em casa, pintando alguns dos bonequinhos de sua coleção. Sua vida ganha um novo sentido, quando seus colegas de trabalho descobrem que ele é virgem e planejam fazer alguma coisa para mudar essa situação. E isso é combustível para várias e ótimas piadas ao longo do filme. Fazia tempo que eu não ria tanto no cinema. E sozinho. 

Alguém poderá dizer que o final de O VIRGEM DE 40 ANOS sai perdendo, se comparado com o de AMOR EM JOGO, dos Farrelly, já que os Farrelly não fazem com que seu personagem principal deixe de ser um freak no final. Ele não precisa se adaptar à normalidade para ser feliz. Por isso, dá até pra se questionar: será que o diretor Judd Apatow e o ator e roteirista Steve Carell estariam julgando o comportamento do freak quarentão como uma doença, algo que merece uma cura? A solução para o personagem seria, então, deixar de lado todos os seus bonecos de criança, passar a tomar gosto por sexo e arranjar uma mulher? Ok, isso seria se ajustar à sociedade, mas quem discorda de que isso não é mesmo a melhor coisa que poderia acontecer com o velho rapaz? 

P.S.: Hoje foi um dia particularmente triste pra mim. Um velho amigo faleceu, vítima de um acidente de moto. Foi com pesar que vi o seu corpo sem vida hoje pela manhã. O Érico era um desses caras que sempre faziam piada com tudo. Acho que a única vez que o vi triste foi quando sua mãe faleceu. Ele tinha um jeito brincalhão como nenhuma outra pessoa que eu já conheci. Pra completar, ainda estou lendo o livro Por um Fio, do Drauzio Varella. Pensar na morte deixa a gente mais silencioso e meditativo.

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