segunda-feira, setembro 08, 2003

O HOMEM DO ANO



Em 1998, José Henrique Fonseca, Arthur Fontes e Cláudio Torres dirigiram em conjunto seu primeiro longa-metragem: TRAIÇÃO, filme em três episódios baseados na obra de Nelson Rodrigues. Eu gostei, mas muita gente torce o nariz para esse cinema luxuoso da Conspiração Filmes. (A Rede Globo depois exibiu os três episódios separadamente com outro título, como se fosse uma produção da emissora. Cara de pau...)

Agora é a vez dos três começarem as suas carreiras-solo. Arthur Fontes dirigiu SURF ADVENTURES - O FILME, documentário sobre surf com imagens bonitas (que eu não assisti.) Cláudio Torres acabou de terminar O REDENTOR, filme com grande elenco (Pedro Cardoso, Miguel Falabela, Fernanda Montenegro, Camila Pitanga, entre outros). E José Henrique Fonseca estréia com o seu O HOMEM DO ANO.

O elenco do filme de Fonseca, filho do grande escritor Rubem Fonseca, é um luxo: Murilo Benício, Cláudia Abreu, Jorge Dória, José Wilker, Agildo Ribeiro, Natália Lage, André Gonçalves, Paulinho Moska, Wagner Moura, Paulo César Pereio, Lázaro Ramos, Mariana Ximenes. Não me lembro de ter visto um filme nacional com um elenco tão cheio de atores famosos. O roteiro foi escrito pelo papai Fonseca, baseado na obra de Patrícia Melo. E tem mais: a trilha sonora é do Dado Villa-Lobos, que já tinha mostrado competência em BUFO & SPALANZANI, filme baseado em obra de Rubem Fonseca. A fotografia do filme em scope chama logo a atenção. Há um cuidado técnico todo especial. Tecnicamente, o filme é ótimo.

Mas como nem tudo é perfeito, o desenvolvimento do filme e a direção irregular comprometem um pouco o resultado final. De qualquer maneira, a história do zé ninguém Máiquel (Murilo Benício), que ganha respeito depois de matar um bandido do bairro, é boa pra caramba. Deu vontade de ler o livro da Patrícia Melo, pra saber o que tem de diferente do filme.

A primeira metade do filme é bem saborosa. Por falar em saborosa, Cláudia Abreu está linda como nunca. E o filme ainda tem a gracinha da Natália Lage e uma aparição sapeca de Mariana Ximenes, como a filha do dentista Jorge Dória. A "trindade satânica" formada por ele, José Wilker e Agildo Ribeiro é muito legal, hein!

Paulo César Pereio, um dos reis da pornochanchada nacional, aparece sempre falando os velhos dizeres de que mulher depois que casa vira um cão etc. Quando engorda, fica feia e chata; quando vai pra academia se cuidar, é porque tá botando chifres no sujeito.

A história lembra um pouco SCARFACE, de Hawks, e OS BONS COMPANHEIROS, do Scorsese. O problema é que José Henrique Fonseca não é nenhum desses grandes. Mas se você for ver o filme sem esperar muita coisa, vai curtir pra caramba. Muito legal essa fase atual do cinema nacional. E a tendência é melhorar.

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