segunda-feira, setembro 22, 2003

DOM



A exemplo do que aconteceu com A LIGA EXTRAORDINÁRIA, fui ver DOM apenas por curiosidade, nada esperando além de um filme que maltrata a obra-prima de Machado de Assis. No entanto, o filme não é bem uma adaptação da obra literária. Apenas repete nos dias de hoje o jogo de suspeita e ciúme do livro "Dom Casmurro". No filme, Marcos Palmeira é Bento, que por causa de seu nome é desde a infância apelidado de Dom, por causa do livro de Machado. Ele namorou na infância uma garota chamada Ana, que ele chamava de Capitu, por causa de seus olhos (de ressaca?). No filme, o melhor amigo de Dom é Miguel (Bruno Garcia) e não Escobar. Um dia ele reencontra Ana (Maria Fernanda Cândido), se apaixona perdidamente e casa com a moça. Acontece que a sombra do amigo e o ciúme doentinho de Bento acabam por transformar sua vida num inferno.

Dizem que o filme CAPITU (1968), de Paulo César Saraceni, mostra a personagem como uma traidora. Já no filme de Moacyr Góes, a Capitu (Ana) é inocente e vítima do comportamento e sentimento doentios do marido. Ambos os filmes, então, seguem caminhos diferentes do livro, que deixa a dúvida até hoje e que é tema de diversos trabalhos de pesquisa em universidades. DOM é mais um filme sobre ciúme. Não tão bom quanto CIÚME - O INFERNO DO AMOR POSSESSIVO (1994), de Claude Chabrol, que pra mim é o filme definitivo sobre o tema. Mas ele trabalha bem esse sentimento plutoniano.

O melhor do filme está no começo, mostrando o início da paixão avassaladora dos dois personagens. Maria Fernanda Cândido é excelente na tela. O mesmo não pode-se dizer de Marcos Palmeira, que fica ofuscado pelo brilho de Maria Fernanda. Diria até que Bruno Garcia está melhor do que ele. E que negócio é esse de mostrar a bunda do Marcos Palmeira e não mostrar a da musa? Isso parece que tá virando moda, né?? Heheeh

O final do filme deixa a desejar, mas acredito que a sua primeira metade tornam o filme de Góes digno de ser prestigiado. Principalmente por mostrar a intimidade do casal de maneira bonita. A parte engraçado do filme ficou por conta da cena da sala de espera da maternidade, com o Bruno Garcia mais nervoso que o pai da criança. O foda é que com essa história de DNA que o filme inventou, todo mundo lembra logo do programa do Ratinho.

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