domingo, março 04, 2012

BORBOLETAS NEGRAS (Black Butterflies)



Assisti BORBOLETAS NEGRAS (2011) no mesmo período em que estava (ainda estou, na verdade) lendo a "(quase) autobiografia de Fernando Pessoa". E a impressão que eu tive é de que quase todo poeta tem um quê de loucura. Como se eles tivessem nascido com um misto de maldição e bênção ou fossem possuídos por algo sobrenatural. Essas pessoas passam por uma vida intensa de dedicação à poesia e acabam por não se encaixar à normalidade da vida social. Em compensação, ganham um duradouro "pós-vida", graças à sua obra.

Mas em termos comportamentais a poeta Ingrid Jonker (1933-1965) é totalmente o oposto de Fernando Pessoa. Ela não se importava com a noção de fidelidade, tendo uma vida sexual bem ativa, enquanto Pessoa morreu virgem e teve uma vida quase que exclusivamente dedicada à poesia. Em comum, ambos apreciavam a embriaguez oferecida pelo álcool, que combina mais com a poesia do que com a prosa, geralmente mais sóbria. Há também entre eles uma pouca preocupação com uma vida estável e com o dinheiro.

No filme, Ingrid Jonker é vivida por Carice van Houten, a bela holandesa que ficou famosa depois de protagonizar a obra-prima A ESPIÃ, de Paul Verhoeven. (E já temos a boa novidade de que ela participará da segunda temporada de GAME OF THRONES.) BORBOLETAS NEGRAS é vendido mais por causa de um poema que ela fez em nome da causa dos negros durante o regime do Apartheid, na África do Sul, mas apesar de sua duração focar na relação injusta e conflituosa entre brancos e negros, trata-se mais de um filme biográfico da poeta.

Que começa com Ingrid quase morrendo afogada no mar e sendo salva por um homem que por acaso também é escritor, Jack Cope, vivido por Liam Cunningham (outro que coincidentemente também estará na segunda temporada de GAME OF THRONES!). Ela passa a ter um relacionamento com Cope, mas ele não aguenta muito, pois ela suga demais suas energias e não o deixa trabalhar. Rutger Hauer faz o pai carrasco de Ingrid. Apesar de pouco citado quando de sua estreia nas telas brasileiras, BORBOLETAS NEGRAS tem a sua beleza. E terminar com a voz de Nelson Mandela citando a poeta ajuda a torná-lo interessante também a um leque maior de pessoas, que não sejam necessariamente cinéfilos ou admiradores da obra da poeta.

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