sábado, março 24, 2012

HISTÓRIA DE UMA PROSTITUTA (Shunpu Den)



O cinema é, possivelmente, a mais universal das artes. Por isso, podemos apreciar tanto produções brasileiras quanto filmes produzidos do outro lado do mundo, mesmo tendo que às vezes esbarrar em culturas bem estranhas à nossa. Ainda assim, tenho uma tendência a ver mais filmes ocidentais. E por isso tenho uma dívida imensa para com o cinema japonês, que tanto é louvado, principalmente pelos filmes do passado. Recentemente, tive a chance de conseguir cópias de vários filmes de Seijun Suzuki. O que me chamou a atenção, antes mesmo de ver os seus filmes, foram os stills, mostrando imagens tão lindamente delirantes que eu não resisti. Resolvi começar a ver Suzuki a partir da cópia do mais antigo dos filmes de que dispunha dele, antes de adentrar nas produções coloridas.

HISTÓRIA DE UMA PROSTITUTA (1965) é um melodrama que mostra a paixão de uma jovem prostituta por um soldado japonês durante a guerra sino-japonesa. Ela foi trabalhar num posto na Manchúria, depois do desgosto de ter sido dispensada pelo amante, fato que é mostrado de maneira muito rápida, logo no início do filme, com efeitos visuais bem interessantes, aproveitando a tela scope de maneira original. O filme é cheio de excessos, a mulher é loucamente desesperada pelo sujeito; ele é incrivelmente tímido, o que parece ser bastante comum de se ver nos filmes japoneses. Logo, é ela quem força a barra para que a relação dê certo até onde as circunstâncias e a tragédia iminente permitirem. Os códigos japoneses de guerra são extremamente cruéis e o filme, querendo uma não, faz uma crítica a isso.

Assim como os demais filmes de Suzuki desse período, HISTÓRIA DE UMA PROSTITUTA é uma produção B, realizada rapidamente para atender ao alto consumo das salas de cinema japonesas da época. E exatamente por ser uma produção barata e feita às pressas, não deixa de ser admirável o trabalho de invenção que o filme proporciona. Em comparação com muitas produções mais exploitation que viriam a aparecer no mercado japonês, este trabalho de Suzuki é bem comportado, até pela década em que foi realizado, mas o diretor ainda viria a fazer filmes marcados por mais sexo e violência em seus anos posteriores. Estou curioso para conhecer mais de seu trabalho e quem sabe desencantar de vez desse meu afastamento do cinema japonês.

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