segunda-feira, março 05, 2012

MAYA (Maya Memsaab)



Engraçado como as coisas são. Não veria este filme se não fosse o interesse em ver as seis obras baseadas em "Madame Bovary", de Gustave Flaubert, que me predispus a assistir. Se não fosse por isso, ainda não teria visto um exemplar do cinema de Bollywood. E devo dizer que depois deste filme pretendo manter distância do cinema made in Bombaim durante muito tempo. Quando a gente imagina que o filme não pode ficar pior, ele fica, a cada vez que somos "obrigados" a ver e ouvir os números musicais bregas que integram a narrativa. Está certo que eu não deveria estar fazendo juízo de valor, já que se trata de uma cultura totalmente diferente da nossa e de uma primeira experiência minha com esse tipo de produção, mas não posso também ficar calado e não dizer o quão doloroso foi chegar ao final deste filme de pouco mais de duas horas, mas que pareciam dez.

MAYA (1993), de Ketan Mehta, começa como um filme policial, com um grupo de detetives investigando o suicídio ou possível homicídio de Maya (a Emma Bovary do filme). E assim com essa estrutura meio CIDADÃO KANE, eles vão entrevistando as pessoas que conheceram Maya para que elas ajudem a compor a já conhecida história de Madame Bovary. O básico da trama está lá: o casamento com o médico, o tédio que se instala, os gastos com roupas e móveis, os amantes, até chegar à queda. Mas junte-se isso a momentos de humor (que não vi nada de engraçado) e de delírios musicais, que seriam representativos dos sentimentos de romantismo da protagonista.

Ao que parece, o filme causou bastante polêmica na sociedade indiana. Tem até uma leve cena de nudez e orgasmo lá perto do final. Mas principalmente por causa do próprio caráter da personagem, indiferente aos costumes indianos, inclusive à religião. Como o filme é falho em tratar de sentimentos, mal dá para sentir alguma emoção nas aventuras amorosas de Maya ou nos sentimentos de perda de seu marido. Mas o nome da protagonista não foi dado em vão, já que "maya" significa "ilusão". Logo, ela estaria vivendo um mundo de ilusões ou seria a própria personificação da ilusão, o que não deixa de ser interessante. Mas para quem já viu obras tão melhores baseadas no clássico de Flaubert, foi dose ver MAYA.

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