sábado, setembro 09, 2006

A SETE PALMOS - A TERCEIRA TEMPORADA COMPLETA (Six Feet Under - The Complete Third Season)




Nesses últimos dias, ver um episódio diferente de A SETE PALMOS é uma das coisas mais prazerosas que eu tenho feito. Ver a série é um exercício até terapêutico pra mim, que tenho me sentido angustiado, com um aperto no peito bastante incômodo e um sentimento de abandono que retornou com toda a força. Ao mesmo tempo, eu não tenho me esforçado para modificar a minha rotina, ampliar meu círculo de amizade ou tentar contactar os velhos amigos. Bom, na verdade, eu até tenho tentado, mas de uma maneira bastante tímida. Isso porque estar sozinho em minha casa não é lá uma tortura, muito pelo contrário. Mas é que tem algo que me incomoda nisso tudo e sei que tenho estado muito triste já faz algum tempo. Por isso que a personagem com quem eu mais me identifiquei nessa terceira temporada (2003) foi a Brenda (Rachel Griffiths). Aliás, só nessa série foi que eu percebi o quanto eu gosto da Brenda. É como se eu me transferisse para o Nate (Peter Krause) e quisesse uma pessoa como ela ao meu lado.

E uma das principais características dessa terceira temporada é justamente a ausência da Brenda nos primeiros capítulos. Não sei se isso foi proposital ou se a atriz teve algum problema que a impossibilitou de participar desses episódios, mas o fato é que ela fez muita falta. E quando ela reapareceu foi uma alegria e um deleite pra mim. No começo, suas aparições eram pequenas. Até o episódio "Timing & Space", que começa com a morte do pai dela. A situação entre ela e Nate está bastante complicada, já que ele está casado com Lisa (Lili Taylor), sendo que os dois até tiveram uma filha. A relação Nate-Lisa não é das mais agradáveis, já que ela faz o tipo controladora e o fato é que Nate não a ama de verdade. Ele se esforça para gostar dela, para ser um pai de família exemplar, mas seu amor pela Brenda fala mais forte. Nem o sexo entre os dois é lá essas coisas. Talvez por isso - e agora eu vou falar um spoiler gigante - o desaparecimento de Lisa e o subseqüente sofrimento de Nate não tenham me comovido tanto. Eu não gostava da Lisa mesmo. Podemos dizer que a dor de Nate pode ter vindo mais de algum complexo de culpa do que realmente do amor que ele sentia por ela.

Nessa temporada, eu passei a gostar mais da Claire (Lauren Ambrose). Eu não ia muito com a cara dela nas temporadas anteriores, mas dessa vez, além de ela estar bem mais bonita e atraente, sua personagem teve um amadurecimento tão evidente que se torna quase impossível não gostar da menina. Ela não é mais aquela maconheira chata de antes, mas uma pessoa interessada em arte e em busca de um sentido para sua vida. Quase chorei no episódio em que ela teve que fazer um aborto e, devido a todos os problemas que sua família estava passando, ela resolveu enfrentar a barra sozinha, sem contar nada pra ninguém.

Também passei a gostar mais de David (Michael C. Hall). Talvez seja o efeito "Brokeback Mountain". No começo, a gente fica meio incomodado e achando estranho aquelas cenas de demonstração de afeto homossexual, mas depois a gente se acostuma e passa até a torcer para que a relação dele com Keith (Matthew St. Patrick) dê certo. Isso acontece de maneira mais forte no último episódio da temporada, com aquela conversa que eles têm numa igreja. Muito bonito aquilo.

Da série, quem eu ainda tenho menos simpatia é da mãe, Ruth (Frances Conroy), e de Federico (Freddy Rodriguez). Os novos nomes a aparecer no elenco são Betina (Kathy Bates), Arthur (Rainn Wilson) e George (James Cromwell), sendo que esse último, pelo visto, entra de vez para o elenco regular da série. O que é uma boa, já que Cromwell é um ótimo ator.

Uma das coisas que eu mais me impressiono com A SETE PALMOS é o fato de ela ter alcançado um nível de qualidade e sensibilidade muito alto justamente na terceira temporada, quando muitas séries já apresentam um certo declínio. Em vez disso, a série melhorou de forma quase que exponencial. E sem ter que apelar para ganchos, o que parece que é uma característica das séries da HBO - dizem que THE SOPRANOS também é assim. Teve um episódio que eu achei fabuloso. Não me lembro qual, mas o que eu sei é que ele termina com todos da família dormindo em paz e bastante contentes com o que a vida lhes ofereceu. No fundo a gente sabe que é só questão de tempo para que os problemas apareçam como uma avalanche, mas não é assim também na vida? O que acontece é que nessa terceira temporada, quase todo mundo parece sofrer de algum problema mental, a começar pela sra. Fisher que se apaixona por um rapaz que tem a idade de ser seu filho, passando por Nate, que é quem mais fica à beira da loucura. Nem preciso falar de Billy (Jeremy Sisto), o irmão maluco da Brenda, que aparece bem menos, mas que tem uma cena de grande destaque nessa temporada. É como se a vida fosse um lugar de provação, onde além da iminência da morte à espreita, também tivéssemos que nos esforçar para ficar mentalmente sãos.

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