domingo, setembro 10, 2006

O MAIOR AMOR DO MUNDO



Acho que Cacá Diegues é o cineasta brasileiro em atividade que mais fez filmes regularmente no Brasil. Levando em consideração a qualidade nem sempre boa de seu trabalho, suspeito que o cineasta seja amigo de muita gente pra que consiga com facilidade financiamento para seus filmes. Desde BYE BYE BRASIL (1979) que ele não faz um filme realmente bom. Eu até gostei de DEUS É BRASILEIRO (2003), mas a graça do filme se devia mais ao desempenho dos protagonistas. Com O MAIOR AMOR DO MUNDO (2006), Cacá Diegues comete mais erros que acertos na história de um homem que descobre que tem câncer inoperável no cérebro e decide buscar no seu passado algum sentido para o que resta de sua vida.

José Wilker é esse homem e o filme é narrado com alguns flashbacks que mostram momentos de sua infância, de sua juventude e até mesmo de antes dele nascer. Quem me chamou mais a atenção no filme foi a estreante Ana Sophia Folch, que interpreta alguém muito importante para a trama, mas sobre ela não posso contar mais que isso. Ana Sophia tem uma beleza simples e pura, que funcionou muito bem para o papel que lhe foi ofertado. Outros bons momentos do filme são os da cena de sexo de Wilker com Taís Araújo. Porém, na maior parte das vezes, O MAIOR AMOR DO MUNDO é bem enfadonho. O ONDE ANDA VOCÊ, de Sergio Rezende, pra citar um filme que também conta com um protagonista crepuscular, foi mais bem sucedido em mostrar os últimos dias de um homem "em peregrinação". E foi um filme muito mais malhado e rejeitado por público e crítica.

Outra coisa que me incomodou foi - de novo - esse negócio de bater na mesma tecla ao retratar a década de 60 como um velho clichê. Como se todo mundo naquela época tivesse participado de grêmio estudantil, entrado na luta armada contra a ditadura e tido alguma ligação com Carlos Lamarca. Quando vi isso em ZUZU ANGEL, eu aceitei numa boa, afinal o tema do filme é aquele mesmo. Sem falar que trata-se de uma história real. Já o filme do Diegues até usa uma das canções da década de 60 de Caetano Veloso para ilustrar o momento. Parece que ninguém sabe fazer mais nada diferente para retratar aquela época. Pra completar, em nenhum momento eu fiquei comovido com o drama de Antônio (o personagem de Wilker), nem fiquei interessado em saber sobre seu passado. E acredito que isso seja fundamental para que o filme funcione para o espectador. Dos filmes fracos de Diegues, O MAIOR AMOR DO MUNDO só perde para os horríveis ORFEU (1999) e DIAS MELHORES VIRÃO (1989).

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