quarta-feira, setembro 06, 2006

O ÚLTIMO MITTERRAND (Le Promeneur du Champ de Mars)



Meu interesse por O ÚLTIMO MITTERRAND (2005) veio menos pela temática (ligada à política) e mais pelo diretor. Havia visto apenas um filme de Robert Guédiguian - MARIE-JO E SEUS DOIS AMORES (2002) -, mas o suficiente para ter despertado o meu interesse por sua obra. Se bem que há mais alguma coisa que me atraiu no filme: a expectativa da morte ocasionada por uma doença fatal. Tenho uma atração mórbida por coisas desse tipo.

O ÚLTIMO MITTERRAND narra o laço afetivo que se estabelece entre o jornalista Antoine Moreau (Jalil Lespert) e o Presidente François Mitterrand (o veterano Michel Bouquet, excelente), em seus últimos meses de vida. Antoine prepara um livro de memórias de Mitterrand, que se autoproclama o último dos grandes presidentes. Como Mitterrand teve um histórico onde transitou tanto pela direita quanto pela esquerda na política, não lhe faltavam também desafetos.

Muito da graça de O ÚLTIMO MITTERRAND está no desempenho excepcional de Michel Bouquet. Tanto nas seqüências em que o Presidente se mostra debilitado pela doença, quanto naquelas em que ele se sente bem e age como uma criança que não quer voltar para casa, em todos os momentos Bouquet está extraordinário. Um desses momentos especiais é aquele em que o Presidente conta para Antoine o quanto ele se sente invisível, ninguém nem mesmo o reconhece nas ruas. Nesse momento, uma jovem o cumprimenta, beija-lhe o rosto e lhe agradece por tudo.

Ainda que valorize o aspecto político e puxe um pouco a sardinha para o lado dos socialistas, nota-se que o filme dá maior valor às relações humanas, em especial ao relacionamento entre aqueles dois homens de idades e experiências muito distintas. O próprio Mitterrand tem uma postura muito serena diante do fim da vida. O problema é que como eu gosto muito de melodramas mais carregados, O ÚLTIMO MITTERRAND é sutil demais, evitando muito o sentimentalismo. Por isso, e pelo fato de o filme ser por demais francês, que eu acabei me distanciando um pouco. Ainda assim, é um belo filme.

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