quarta-feira, fevereiro 18, 2004

CURTAS: LYNCH, CRONENBERG, VALENTE E MIYAZAKI



Alguns curtas comentados rapidamente. Todos eles foram vistos no PC.

DARKENED ROOM

Esse curta de David Lynch tem muito em comum com RABBITS e com CIDADE DOS SONHOS, ainda que seja inferior a esses trabalhos. De RABBITS temos o quarto escuro com uma moça loira chorando de desespero por algo que não sabemos o que é. Apesar de não termos conhecimento do que ela está passando, sentimos uma certa empatia, como se no fundo entendêssemos o que é aquele seu desespero. Algo de muito ruim aconteceu e ela está sozinha e com medo. Uma outra moça (morena e ainda mais bonita) entra pela porta e fala acerca de sonho e realidade e sobre simbolismos de significado oculto. Essa é a parte que lembra bastante CIDADE DOS SONHOS. Lynch cada vez me deixa mais ansioso pelo seu próximo trabalho em longa-metragem.

DUMBLAND

Série de curtas em animação em 8 episódios, onde Lynch volta às origens (Lynch começou fazendo animação com o curta SIX FIGURES GETTING SICK). A animação de DUMBLAND foi realizada em flash e os traços estão bem toscos. O personagem principal é um sujeito bem grosseiro, uma espécie de Seu Lunga de subúrbio americano. O que eu me surpreendi nessa série de curtas foi a extrema violência, o humor negro e, principalmente, a escatologia (o surrealismo já era de se esperar). Destaque para o episódio 5, em que o grosseiro protagonista vai tentar tirar um espeto da boca de um homem. Esse episódio é especialmente violento e perturbador. O som também contribui para o clima enervante. É bom evitar ver esses curtas quando se estiver estressado.

CAMERA

Esse curta de 6 minutos de David Cronenberg (foto) é um trabalho intimista sobre a natureza do cinema, o envelhecimento e a memória. Nele, um homem idoso comenta para o espectador o fato de que as crianças da casa encontraram e botaram para funcionar uma velha câmera. O curta foi eleito um dos dez melhores filmes de 2002 por Daniel Caetano, da Contracampo. É um trabalho interessante para estudantes de cinema.

UM SOL ALARANJADO

Esse filme de estréia de Eduardo Valente, também redator da Contracampo, ganhou até prêmio no Festival de Cannes. E a felicidade foi maior ainda para o diretor ao receber o prêmio das mãos de ninguém menos que Martin Scorsese. Não dá pra contar muito da história com o risco de estragar a surpresa, mas é um filme praticamente sem diálogos, com grande poder nas imagens e que mostra um relacionamento entre filha e pai. No final, a belíssima canção do Los Hermanos, “Quem Sabe”.

ON YOUR MARK

Videoclipe de 1995 que o mestre Hayao Miyazaki fez para a banda pop japonesa Chage & Aska . Quem acha aqueles clipes em animação do Daft Punk sensacionais precisa ver a maravilha que é esse trabalho do maior diretor de animação do mundo. Dos temas recorrentes na obra de Miyazaki temos aqui a magia de voar, como um impulso que nosso espírito tem de transcender os limites do mundo físico. Já nos emocionamos com seqüências de vôo em vários filmes do diretor como LAPUTA: CASTELO NOS CÉUS, NAUSICAÄ DO VALE DOS VENTOS, PORCO ROSSO e no mais recente A VIAGEM DE CHIHIRO. A história desse filme, toda contada através de imagens e auxiliada pelo poder da canção "On your mark", é sobre dois sujeitos que encontram um anjo ferido(se anjo tiver sexo, então esse é feminino) e começam a ser perseguidos pelo exército. Emocionante.

Agradeço aos amigos Pablo e Marcelo que, de uma forma ou de outra, me cederam essas obras.

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