sábado, fevereiro 28, 2004

CONTO DE VERÃO (Conte D’Eté)



Hoje foi dia de conferir mais um filme dos “Contos das Quatro Estações” de Eric Rohmer. Tenho achado extremamente prazeirosas essas manhãs de sábado na companhia desses filmes maravilhosos. Pra vocês terem uma idéia, nesse ano, que ainda considero fraco em relação a cinema, as melhores coisas que eu vi foram justamente os filmes do Rohmer. E espero que continuem a exibir vários outros filmes dele aqui na cidade. Surpreendentemente, a sala de cinema estava cheia hoje, apesar da chuva que varreu a cidade pela manhã. O que mostra que há um público fiel a esse tipo de filme. (Se bem que a maioria das pessoas eram de mais idade. Havia poucos adolescentes.)

Em CONTO DE VERÃO (1996), Rohmer dá um tempo nos diálogos filosóficos vistos em CONTO DE INVERNO (1992) e coloca jovens comuns, não-intelectuais, no seu jogo do acaso. O acaso parece ser uma característica forte nesses Contos. Na história do filme, Gaspard é um jovem que vai passar o verão numa praia na Bretanha, esperando por Léna, uma moça por quem está apaixonado. Ela demora a aparecer e ele conhece uma garota chamada Margot. Eles tornam-se amigos e passeiam todos os dias na praia. Numa festa, Gaspard conhece Solène, uma sensual morena por quem ele fica interessado. A coisa complica quando Léna aparece e ele começa a achar que gosta de Margot. Gaspard fica na dúvida sobre com qual das três moças ficará. (Se fosse eu, ficaria na dúvida só entre Margot e Solène.) O filme vai ficando engraçado à medida que as confusões da vida amorosa do rapaz vão se tornando mais complicadas.

É um filme sobre a dúvida e o acaso, sobre personagens que agem diferentemente do que falam, sobre a dificuldade de se fazer escolhas. Interessante ver esse tipo de personagens no cinema. Normalmente, os filmes mostram pessoas determinadas, decididas, o que não é uma realidade na vida real. Por isso que a impressão que temos ao ver esse filme é que a câmera está capturando uma situação real, quase um reality show.

Assim como em CONTO DE INVERNO havia uma protagonista se esforçando para escolher entre os pretendentes, aqui temos um jovem diante duma situação parecida. Comparando os dois filmes, acho que ainda gosto mais de CONTO DE INVERNO, por causa do amor idealizado, do romantismo e do clima de fábula. Mas em se tratando de imagens, o CONTO DE VERÃO é bem melhor.

Mais um belo exemplar da simplicidade complexa desse grande diretor já octogenário.

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