domingo, outubro 09, 2016

SETE HOMENS E UM DESTINO (The Magnificent Seven)























Nada se cria, tudo se copia. Essa máxima parece cair como uma luva em se tratando de SETE HOMENS E UM DESTINO (2016), seja a nova versão dirigida por Antoine Fuqua, ou até mesmo a original, pelo comando de John Sturges, em 1960. Já naquela época se sabia que a produção era uma versão da história de OS SETE SAMURAIS, de Akira Kurosawa, que por sua vez era uma homenagem aos bons e velhos westerns de Hollywood.

Se a versão de Sturges já não tinha mais como um dos intuitos oferecer um painel de como era a vida no oeste americano em fins do século XIX, mas de principalmente captar os aspectos heróico e selvagem e explorar a mitologia e os estereótipos do gênero, o que dizer de uma versão feita no século XXI, que já viu a morte e o renascimento do gênero algumas vezes, sem falar na explosão que foi o surgimento do western spaghetti na década de 1960?

Tudo isso é levado em consideração, assim como uma série de situações que aparecem no filme que tem tudo a ver com os novos tempos, como mostrar um homem negro como líder do bando (Denzel Washington), dar a Chris Pratt um dos papéis mais importantes do filme (se a gente pensar bem, GUARDIÕES DA GALÁXIA é meio como um western no espaço sideral, não?), além de mostrar um dos homens com síndrome de pânico (Ethan Hawke) e uma mulher disposta a entrar nas trincheiras (Haley Bennett).

Não dá, portanto, para reclamar da escolha do elenco. Sem falar que a parceria entre Denzel Washing e Antoine Fuqua já havia se mostrado bem positiva, em filmes como DIA DE TREINAMENTO (2001) e O PROTETOR (2014). Além do mais, só o fato de sair de casa para ver um western no cinema já é motivo de comemoração, por mais que o resultado final fique aquém do que gostaríamos que fosse, principalmente por causa da mão pesada de Fuqua e da má condução e edição das cenas de tiroteio envolvendo muitos personagens, perto do final do filme. Em alguns momentos, não temos a mínima ideia do que está acontecendo.

Mas, de todo modo, é bom pensar nos aspectos positivos do trabalho, como o modo como apresentam o grande vilão, Bogue, interpretado por Peter Sarsgaard, que confere bastante maldade na cena da invasão à igreja. É um belo prólogo, assim como a apresentação do grande herói Chilson (Washington) e sua primeira conversa com a viúva de uma das vítimas de Bogue. No mais, é aquilo que todo mundo já sabe: a busca por Chilson de parceiros para enfrentar o bando de Bogue, que havia se instalado e tocado o terror em uma pequena cidade.

A intenção de tornar o grupo o mais eclético possível já se mostrava na versão de Sturges e aqui não é diferente. Além de Washington, Pratt e Hawke, há Vincent D’Onofrio, como um homem meio maluco; Byung-hun Lee, como o asiático especialista em facas; Manuel Garcia-Rulfo, como o representante mexicano; e Martin Sensmeier, como o índio.

Em vários momentos o filme é bem-sucedido em brincar com a xenofobia de alguns membros do grupo em relação ao outro, e nisso vai ficando mais leve e descompromissado. Por outro lado, isso diminui o impacto do drama que é tomar de volta a cidade das mãos do grande vilão. Porém, se encararmos o filme como uma leve aventura de tom meramente escapista e que pretende fazer homenagens e referências a tantos outros filmes, inclusive utilizando a música Elmer Berstein citada pelos dois compositores originais do filme, dá pra se divertir bastante. O filme tendo uma boa recepção do público seria um bom motivo para que os executivos de Hollywood revitalizassem o gênero mais uma vez.

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