segunda-feira, setembro 24, 2012

SHAME



Já faz um tempão que estou com este filme na lista para escrever a respeito e por alguma razão fiquei postergando, por acreditar não ter nada a dizer sobre ele, ou se tenho não consegui elaborar nada previamente. Então, antes que completem dois meses que eu vi SHAME (2011) no cinema, aproveito este momento de coragem para traçar algumas poucas linhas sobre o filme, agora que o blog está de cara nova e eu ainda não me recuperei do trauma de perder o visual de mais de dez anos – e ainda me esqueci de dar um print screen, para deixar de lembrança. Coisa de canceriano.

Steve McQueen é um desses novos cineastas que tem chamado a atenção de críticos e cinéfilos. Estreou em longas-metragens com o impactante HUNGER (2008), também estrelado por Michael Fassbender e que é também ousado, mas em outros aspectos. Em SHAME, McQueen leva a sua ousadia para outro terreno: o sexo. Já se nota logo de início uma sofisticação no uso da câmera, muitas vezes parada para registrar um momento especial. Assim como havia em HUNGER aquele longo plano-sequência de Fassbender falando diante da câmera, em SHAME há o personagem de Fassbender conversando com sua irmã, discutindo o frágil relacionamento dos dois, a câmera pegando-os de costas.

Na trama, ele é um homem viciado em sexo. Não basta usar o seu dinheiro com prostitutas com muita frequência, ele se masturba várias vezes ao dia e passa o dia olhando pornografia. Inclusive no trabalho. Já numa idade em que a maioria das pessoas já está casada ou se preparando para se juntar com alguém, Brandon, seu personagem, não tem a menor intenção de ter um relacionamento sério com ninguém. Isso fica claro – e bastante desconfortável – na cena da conversa dele com sua colega de trabalho, que ele convida para um jantar.

Mas a sua vida muda quando chega para visitá-lo a sua irmã Sissy, vivida por Carey Mulligan. Visivelmente frágil emocionalmente, a menina precisa da ajuda de alguém e vê na figura do distante irmão uma possibilidade. Afinal, são parentes próximos. E ainda que o irmão não a queira naquele espaço "sagrado" no qual ninguém pode entrar, que é o seu apartamento, ela força um pouco para ficar.

Um dos momentos mais bonitos do filme, embora na hora eu não tenha conseguido fazer uma relação entre o sentimento dos dois e a canção, é a cena em que Sissy canta num restaurante "New York, New York", enquanto o irmão deixa as lágrimas caírem no rosto. Aquilo claramente mexeu com ele, e a interpretação de Mulligan junto com a imagem daquele homem duro finalmente desmoronando é algo muito bonito de ver. Assim como é também a conclusão do filme. Sem dúvida, McQueen é um diretor a não se perder de vista.

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