quarta-feira, setembro 26, 2012

INTOCÁVEIS (Intouchables)



O atual recordista de bilheteria na França não é nenhuma superprodução, mas um filme pequeno, feito sem efeitos especiais, um grande orçamento ou coisas do tipo. Um filme que se baseia apenas em sua história simples e cheia de humanidade e em sua dupla de protagonistas fora do comum. E depois que o filme foi sucesso na França, ele tem repetido a fama também no Brasil, com os números impressionantes de aumento nas bilheterias ao longo das semanas. Em sua quarta semana em cartaz no país, o filme cresceu 23% em relação à semana anterior, o que é surpreendente, tanto por ser uma produção não-hollywoodiana, como por estar conseguindo isso sem precisar fazer muito barulho.

O filme foi baseado no livro O Segundo Suspiro, de Philippe Pozzo di Borgo, lançado recentemente pela Editora Intrinseca, e que se mostra uma obra fragmentária, de anotações, de pedaços de memória, feitas por uma pessoa que não podia usar suas mãos para escrever o seu livro. O filme prefere enfatizar um período específico, mas não menos importante da vida de Philippe: a sua relação com o enfermeiro argelino Abdel Sellou, que no filme é chamado de Driss. E não há nenhum flashback que explore o acidente que deixou Philippe tetraplégico.

Pode-se dizer que o filme mostra mais o ponto de vista de Driss (Omar Sy) do que de Philippe (François Cluzet), até por este ser uma pessoa mais distante de nós espectadores comuns, um homem da aristocracia. E claro que como uma obra de ficção, apesar de ser baseada em fatos reais, INTOCÁVEIS (2011) toma algumas liberdades em prol da boa condução narrativa e da busca pela emoção.

A história é séria, trata de uma tragédia na vida de um homem, mas tem mais momentos de provocar risadas, graças ao alto astral da figura de Driss, um sujeito maltratado pela vida e em liberdade condicional, que só aparece na luxuosa residência de Philippe apenas para garantir a renovação do seu seguro-desemprego, mas que conquista a simpatia do milionário e é escolhido para trabalhar como seu enfermeiro.

O filme de Olivier Nakache e Eric Toledano pode até não ser perfeito, mas é muito difícil imaginar alguém que não saia da sessão do filme satisfeito por ter visto uma obra bem cuidada, ao mesmo tempo sensível e divertida, e que trata do tema da amizade de forma comovente. Poderia ter falado de INTOCÁVEIS há quase um mês, quando o vi no cinema, aproveitando ainda os efeitos que o filme causou em mim, mas por algum motivo isso não aconteceu. Mas não tem problema: INTOCÁVEIS continua ainda em cartaz, firme e forte, emocionando plateias e trazendo mais gente para vê-lo, através, principalmente, da propaganda boca a boca.

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