sábado, setembro 01, 2012

OS MERCENÁRIOS 2 (The Expendables 2)



Um pouco mais de boa vontade de caprichar não seria mal nestes filmes idealizados por Sylvester Stallone com o objetivo de reunir a turma do cinema de ação dos anos 1980. Muita gente torce para que dê certo, mas o fato é que é melhor rever os trabalhos individuais de cada um deles do que estas reuniões, que parecem ser mais divertidas para eles do que para os espectadores. Ok, estou falando por mim, mas não são poucos os que se decepcionaram com OS MERCENÁRIOS (2010) e que se decepcionarão também, ainda que em menor grau, com este OS MERCENÁRIOS 2 (2012).

Neste segundo filme, Stallone passou o cetro da direção para Simon West, mais conhecido como o diretor de CON AIR – A ROTA DA FUGA (1997) e LARA CROFT: TOMB RAIDER (2001), mas que eu prefiro lembrar por um trabalho muito bom, que é o thriller QUANDO UM ESTRANHO CHAMA (2006). Mas normalmente West é um diretor desleixado. E como o primeiro filme foi bem desleixado, provavelmente o diretor não deve ter ficado preocupado em caprichar neste segundo, embora tenha resultado melhor, principalmente por causa de duas participações: Chuck Norris e Arnold Schwarzenegger.

Chuck Norris, porque é o caso de sujeito que virou piada por causa dos exageros em torno do poder que ele supostamente possui. Tanto que os roteiristas (um deles, o próprio Stallone) brincam com isso em uma cena, utilizando até mesmo um tema muito conhecido de TRÊS HOMENS EM CONFLITO, de Sergio Leone, em sua aparição. Já Schwarzenegger aproveita que já fez boas comédias e nem precisa se esforçar muito para parecer um pateta e ficar dizendo: "I'm back" ou "I'll be back". Inclusive, tem uma cena que os tradutores não colocaram legendas, que é quando ele diz  "Yippee-ki-yay", um dos dizeres que Bruce Willis usa na cinessérie DURO DE MATAR. Bruce Willis, aliás, não tem muita graça no filme e Jet Li desaparece logo no começo.

Dolph Lundgren é tratado como um paspalhão a todo momento e Jason Stathan é o elo de ligação com as novas gerações, por mais que ele queira pertencer à velha guarda, bem enturmado com o grupo e especialmente com o personagem de Stallone. Quanto a Jean-Claude Van Damme, tudo bem que é muito bom vê-lo de novo na telona, depois de tantos anos amargando filmes lançados direto em vídeo (e logo quando ele estava melhorando!), mas seu papel de vilão genérico não acrescentou nada em sua carreira, a não ser estar no mesmo elenco de outros grandes astros dos filmes de ação.

A promessa de que OS MERCENÁRIOS 2 não iria economizar em mais violência gráfica não deixa de ser verdade, mas sua violência nunca é sentida de fato. É tudo banal e leve. As mortes têm menos apelo do que as de um videogame. Provavelmente é esta a intenção do filme, mas acaba depondo contra, especialmente quando há a intenção de mostrar o sentimento de perda de um dos personagens, morto pelo vilão, utilizando até um pianinho triste ao fundo. A música do filme, aliás, é outro problema. É constante demais nas cenas de ação e ajuda a torná-las ainda mais inofensivas.

Certamente o filme encontrará o seu público, como o primeiro encontrou. E não dá para negar o seu valor, no sentido de reunir esses sujeitos que fizeram a alegria de tantos fãs na era do VHS, mas pode não agradar a quem quer ver apenas um bom filme de ação e não uma comédia com piadas internas.

P.S.: No Blog de Cinema do Diário do Nordeste, tem matéria sobre a muito provável volta de Jesse e Celine (de ANTES DO AMANHECER e ANTES DO PÔR-DO-SOL). AQUI