segunda-feira, janeiro 04, 2010

LULA - O FILHO DO BRASIL























A maior bilheteria do cinema brasileiro no ano passado foi SE EU FOSSE VOCÊ 2, de Daniel Filho, que estreou no dia 1º de janeiro. Talvez seja uma data de sorte, já que LULA - O FILHO DO BRASIL (2010) tem tudo para repetir o feito. Isso se não for ultrapassado por CHICO XAVIER, outra cinebiografia de peso, dirigida pelo cineasta que mais sabe ganhar dinheiro no Brasil, Daniel Filho. Mas o momento é do controverso filme de Lula. Controverso, pois desde a notícia de sua realização que já se especulam supostas intenções eleitoreiras. Ainda que Lula não seja candidado às eleições presidenciais de 2010, ele tem a sua candidata. Por outro lado, como o filme é um fracasso artístico - o que não chega a ser nenhuma surpresa, tendo em vista a filmografia de Fabio Barreto -, é bem possível que o público não se sinta assim tão tocado.

Mas LULA - O FILHO DO BRASIL não é de todo ruim. Há uma quantidade de eventos importantes na vida pré-petista de Lula suficientes para que o filme não se torne aborrecido. O problema é que Fabio Barreto não tem a sensibilidade para deixar cada evento com a emoção devida. A cena do Lula perdendo o dedo mindinho ou da morte de sua primeiro esposa são fundamentais para a trama, mas são filmadas de uma maneira que parece teatrinho de escola. Os melhores momentos acontecem quando o filme dispensa os diálogos, como logo após o nascimento de Lula, quando vemos a sua infância no interior de Pernambuco. As imagens da família se retirando para São Paulo também estão entre os melhores momentos. A bela trilha sonora, a cargo de Jacques Morelenbaum e Antonio Pinto ajudam um bocado. Nota-se também que o filme bebeu muito da fonte de 2 FILHOS DE FRANCISCO, provavelmente o melhor exemplo de cinebiografia desde a retomada. A cena em que Lula chama sua futura primeira esposa para dançar é muito parecida com a cena do baile do filme de Breno Silveira.

Os problemas de direção de atores fazem com que um grande intérprete como Milhem Cortaz fique com um papel ingrato. No filme, o pai de Lula tem que ser apenas o bêbado violento e ignorante que não quer que os filhos frequentem a escola. Glória Pires, que não tem que provar mais nada pra ninguém quanto à sua versatilidade como atriz, faz o que pode e acaba sendo o grande destaque, como a Dona Lindu, a mãe de Lula. Inclusive, o produtor Luiz Carlos Barreto anda dizendo por aí que o filme não é sobre Lula, mas sobre sua mãe. E ele não está de todo errado, já que a mãe dele esteve presente em quase todos os momentos importantes da vida do futuro Presidente da República até a hora de seu enterro. Rui Ricardo Dias, o rosto desconhecido que vive Lula dos 18 aos 35 anos, tem uma responsabilidade e tanto, mas infelizmente não tem muita expressividade.

Para a produção mais cara da história do cinema nacional (12 milhões de reais, conseguidos com o patrocínio de dezenas de empresas), LULA - O FILHO DO BRASIL pode desapontar a muitos. Mas isso não deve impedí-lo de ser um dos maiores êxitos comerciais de 2010. E vale dizer que eu sempre dou um desconto para qualquer filme que me deixe com lágrimas nos olhos em sua sequência final.

P.S.: O Pipoca Moderna fechou a sua lista de melhores de 2009. Tive a honra de ser um dos participantes, mesmo tendo começado como colaborador há pouco tempo. Confiram o resultado!

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