terça-feira, outubro 14, 2008

AS DUAS FACES DA LEI (Righteous Kill)



O encontro de Al Pacino e Robert De Niro no mesmo filme é sempre um acontecimento. Pena que AS DUAS FACES DA LEI (2008), dirigido por um cineasta sem personalidade como Jon Avnet e com um roteiro esquemático e previsível, não honre a tradição do encontro dos dois astros. Na verdade, tanto Pacino quanto De Niro estão carentes de grandes filmes em suas carreiras recentes. Talvez os últimos grandes filmes da carreira dos dois tenham sido RONIN (1998) e O INFORMANTE (1999). Os anos 2000 não foram muito generosos com os astros. Talvez os fãs da dupla não fiquem irritados se eu disser que a melhor coisa de AS DUAS FACES DA LEI é a presença de Carla Gugino. Na pele de uma policial que namora o personagem de De Niro e adora um sexo mais violento, ela nunca esteve tão bela e sexy. Melhor que isso, só se o filme explorasse mais a intimidade dos dois. Acho que agora vou valorizar mais a sua presença quando ela aparecer em ENTOURAGE. Mas para quem é fã dos dois atores (afinal, quem não é?), o bom é que nenhum outro filme os mostra tantas vezes no mesmo quadro. Afinal, ambos interpretam velhos policiais parceiros, prestes a se aposentar.

O filme começa com um estranho relato em preto e branco de De Niro sobre quando e como começou a matar e como isso foi se tornando um prazer. Depois, numa edição um pouco mal arrumada, o filme descreve o momento em que os dois agem de maneira ilegal, de modo a incriminar um sujeito que merecia ser preso. Esse é o único momento em que os dois agem com cumplicidade, mas é um momento que mais na frente será de fundamental importância para que um dos dois mude seu jeito de ver a justiça. Ambos são encarregados de resolver o caso de um serial killer que mata as pessoas (geralmente criminosos) e cujo modus operandi é sempre deixar um bilhete com uma poesia barata. A coisa começa a pegar quando o personagem de John Leguizamo chega com a teoria de que o assassino só pode ser um policial e de que o principal suspeito seria mesmo o personagem de Robert De Niro. Também no elenco, 50 Cent (creditado como Curtis Jackson) no papel de um gângster e o veterano Brian Dennehy como o chefe da divisão.

O filme sofre com uma edição que às vezes nos deixa perdidos temporalmente e com interpretações pouco esforçadas de De Niro e Pacino, talvez por saberem que estavam fazendo um trabalho pouco especial. Ou por não conseguirem mais sair do piloto automático que suas personas foram adquirindo com o tempo. Diria que dos dois, o que está melhor ainda é De Niro, até porque Pacino pegou o papel mais ingrato dos dois e não sei se ele poderia fazer milagre naquele final constrangedor. E o roteiro é do mesmo sujeito que fez UM PLANO PERFEITO, do Spike Lee, que eu nem gostei muito, mas que foi bastante elogiado pela crítica e pelos fãs. Ainda assim, acredito que um grande diretor (um Mann, um De Palma, um Scorsese) faria toda a diferença. Jon Avnet não tem feeling para trabalhar o suspense e a violência. E o resultado é esse prato morno para se comer só quando a fome bater.

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