sexta-feira, julho 10, 2015
CIDADES DE PAPEL (Paper Towns)
Uma bela surpresa este drama juvenile baseado no best-seller de John Green, o mesmo autor de A Culpa é das Estrelas, que rendeu um bom melodrama em 2014 e levou milhões de pessoas ao cinema. CIDADES DE PAPEL (2015) tem um apelo comercial menor, é menos carregado nas emoções e isso tem o seu lado bom e ruim. O ruim está em não emocionar como talvez intencionasse, mas isso pode ser confundido com sutileza.
O bom é que, com uma maior sobriedade, percebe-se melhor a boa condução narrativa do pouco conhecido diretor Jake Schreier. Foi uma oportunidade de ele alcançar um grande público em seu segundo longa-metragem. O elenco, aliás, também é composto por atores desconhecidos da grande audiência. De certo modo, até lembra alguns filmes juvenis da década de 1980, o que eu vejo como sendo mais um fator positivo. Inclusive, toca uma versão de "The Lady in Red", de Chris de Burgh, uma canção que fez muito sucesso nos 80s, foi considerada cafona por um tempo e hoje é cultuada, como várias outras canções dessa década.
CIDADES DE PAPEL conta a história da obsessão de um rapaz pela garota que mora ao lado. É uma paixão que ele nutre desde a infância, quando ela veio morar na vizinhança, mas que permaneceu na juventude, quando ela deixou de fazer parte do círculo de amizade de sua vida. Até que certa noite ela entra na janela de seu quarto e o convida a sair com ele para fazer algumas coisas na calada da noite. Na verdade, ela quer se vingar do ex-namorado e de alguns desafetos.
O rapaz, Quentin (Nat Wolff), vive a melhor noite de sua vida naquele momento, embora não tenha rolado nem mesmo um beijo. Mas ele sentiu uma conexão forte com ela, Margo (Cara Delevigne). Ele não contava com o fato de ela desaparecer da cidade e ninguém saber o seu paradeiro logo no dia seguinte. Como ela era ligada a mistérios, ele acredita na teoria de que ela estaria oferecendo dicas para que ele a encontre. E Quentin sai à sua procura junto com seus fiéis companheiros.
O filme tem outro mérito: continua interessante com a saída de cena de Margo, inclusive porque também se transforma num agradável road movie em boa parte de sua metragem. Ainda assim, falta algo para que o espectador compre melhor a trama. Talvez a atriz, por não ser tão bonita ou carismática, acaba não contribuindo para que nos apaixonemos pela personagem, assim como acontece com outros filmes do gênero. Desse modo, acabamos vendo a história de Quentin e de seus amigos com certa distância.
Ao contrário de AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL, para citar um filme juvenil da melhor estirpe dos últimos anos e que trata também de amores e de ritos de passagem, é possível que seja um filme que fale mais às novas gerações do que a um público mais amplo. O discurso de Margo com relação ao modo como a vida deve ser vivida não chega a ser exatamente novo, nem ela parece ser suficientemente sábia para dar lições.
Além do mais, usar Leaves of Grass, de Walt Whitman, como uma espécie de catálogo telefônico ou algo do tipo não é muito respeitoso, embora possa despertar o interesse em alguns jovens pela sua poesia. Ainda assim, não dá para negar a beleza toda própria de CIDADES DE PAPEL, que se destaca como um dos melhores na categoria “filme juvenil contemporâneo”.
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