domingo, outubro 28, 2012

007 – OPERAÇÃO SKYFALL (Skyfall)























James Bond está fazendo 50 anos e teve uma sorte danada de ter um ótimo filme para homenagear este número tão bonito. Há vários fatores que fizeram de 007 – OPERAÇÃO SKYFALL (2012) um grande filme. E nem me refiro à direção de Sam Mendes, já que o cineasta, com o tempo, foi perdendo o toque autoral. E geralmente é isso mesmo que os produtores querem: bons diretores que não interfiram com seu toque pessoal na mitologia da cinessérie. Por isso que nenhum grande cineasta, um grande autor, para ser mais exato, dirigiu um filme de James Bond até hoje. Apenas ótimos artesãos, sejam especialistas em filmes de ação, sejam gente com sensibilidade dramática, como é o caso de Mendes, que tem cinco dramas acima da média no currículo.

Assim, há todo um cuidado para que não haja um excesso de mudança, por mais que muita gente até hoje torça o nariz para o atual Bond, Daniel Craig, que não tem a fleuma britânica de Pierce Brosnan. E nem tem tanta elegância. Seu James Bond é mais "porrada", por assim dizer. Mais apropriado aos nossos tempos. Mas a estrutura da série continua. Os créditos iniciais (em tempos de quase fim de créditos iniciais, uma pena), seguidos da canção pós-prólogo (um prólogo geralmente eletrizante e divertido) são sempre momentos bastante esperados pelos fãs. Felizmente o tema deste filme, com Adele cantando "Skyfall", até resgata nostalgicamente o clima dos filmes das décadas de 60 e 70.

Mas os tempos são outros. E o atual James Bond agora combate terroristas, os atuais inimigos dos países pertencentes ao bloco capitalista. Por isso, ao falar de terrorista, podemos esperar atentados de grande porte, como o que acontece no filme. SKYFALL começa tenso, com uma aura um tanto pessimista. Afinal, James Bond leva um tiro da própria parceira enquanto luta contra um inimigo em cima de um trem em movimento. E um tiro dado por ordens da própria M (Judi Dench). O erro de Dench a fará pagar caro por isso. Logo ela, que tem uma relação de afeto quase maternal com o seu principal agente.

Nunca um filme de 007 deu tanto destaque a M, a líder dos agentes "double 0". Pelo menos, não enquanto ela foi uma mulher, que começou com a era Pierce Brosnan, com 007 CONTRA GOLDENEYE (1995), dirigido pelo mesmo Martin Campbell que iniciou a era Daniel Craig, com 007 – CASSINO ROYALE (2006). E assim como CASSINO ROYALE, o novo filme tem esse tom mais carregado de tragédia. O que faz com que ele seja bem mais interessante, por exemplo, do que os passatempos descompromissados da era Roger Moore ou da era Pierce Brosnan.

Mas nada como um vilão de primeira grandeza para alavancar o filme. E isso eles conseguiram com o personagem de Javier Bardem. O ator espanhol, muito provavelmente, o mais versátil de sua geração, já havia feito um vilão horripilante em ONDE OS FRACOS NÃO TÊM VEZ, dos irmãos Coen. E desta vez, seu personagem destaca-se. A sequência com ele e Bond cara a cara, quando o agente do MI-6 está amarrado a uma cadeira, une tensão e humor, principalmente por suas insinuações homoeróticas. Acaba sendo um alívio cômico para o filme, pelo menos até vermos do que o antagonista é capaz. O jogo de gato e rato que constitui o ato final de SKYFALL é também louvável, tanto pela seriedade com que é tratado, como pelo amargo resultado.

007 – OPERAÇÃO SKYFALL talvez seja o filme em que as chamadas Bond girls têm menos destaque. Afinal, havia algo muito sério em jogo. Ainda assim, Naomi Harris, que faz Eve, a ajudante de Bond, tem carisma e rouba a cena nos poucos momentos em que aparece. A outra, a vivida pela francesa Bérénice Marlohe, mal tem tempo de mostrar a que veio. Trata-se de um filme de transição para a franquia. E de reflexão do atual momento político em que estamos vivendo.

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