quinta-feira, outubro 18, 2012

RUBY SPARKS – A NAMORADA PERFEITA (Ruby Sparks)



Que PEQUENA MISS SUNSHINE (2006) é um filme simpático, não tenho como discordar, mas é preciso mais do que um filme simpático para firmar uma carreira no cinema. E a estreia na direção de longa-metragem do casal de videoclipeiros Jonathan Dayton e Valerie Faris prometia muito mais. Demoraram demais a fazer um novo filme e vieram com este RUBY SPARKS – A NAMORADA PERFEITA (2012), filme preguiçoso e chato sobre o processo criativo e uma história não muito original sobre uma personagem de ficção que cria vida.

Muito provavelmente o filme só tenha nascido graças ao roteiro de Zoe Kazan, que faz a personagem-título. A jovem atriz e roteirista tem um rosto familiar, desses que a gente já viu em algum lugar, mas não lembra onde. Ela é neta do diretor Elia Kazan e mulher de Paul Dano, o astro do filme. Eles formam um casal que combina com o jeito indie de se fazer cinema nos Estados Unidos atualmente. E dizer isso, na maioria das vezes, não é um elogio. Na verdade, o cinema indie foi ganhando cacoetes com o tempo e há quase sempre a figura do perdedor.

Paul Dano é um ator que combina com esse tipo de personagem e até que faz um bom trabalho dentro do possível. O problema está mesmo no enredo e na direção que poderiam até render algo bom, mas que me fizeram olhar para o relógio diversas vezes, o que não é um bom sinal. O filme tem mais ou menos a mesma duração de A DELICADEZA DO AMOR, que eu vi com prazer logo em seguida. Quer dizer: dois filmes sobre pessoas com dificuldades de ter relacionamentos amorosos. Um tenta fazer algo inteligente, brincando com a metalinguagem e tem um resultado que causa tédio; o outro não tenta inventar a roda e é de uma sensibilidade admirável.

Na trama de RUBY SPARKS, Paul Dano é Calvin Weir-Fields, um jovem escritor que acertou em cheio em seu primeiro romance, mas que nunca mais fez outro tão bom. Ele, então, tem um sonho, no qual vê uma moça que fala com ele. E o sonho é a inspiração para que ele comece a escrever sobre ela. O que ele não sabia é que ela apareceria em seu apartamento, não como uma alucinação, mas como uma pessoa de verdade.

A partir daí o filme brinca com esse elemento fantástico, mas tentando enfatizar a questão do relacionamento, do quanto uma pessoa é "dona" de outra, da liberdade que cada um deve ter, da insatisfação quanto à pessoa – se ela é muito carente, é ruim; se for muito independente, o sujeito pode ficar com ciúmes. Há, então, toda uma série de assuntos que poderiam ser explorados com mais sensibilidade. Afinal, esses temas requerem maior tato da parte dos diretores.

Assim, continuo achando que os melhores trabalhos de Jonathan Dayton e Valerie Faris foram os clipes que eles fizeram para os Smashing Pumpkins, em especial, "1979" e sua continuação, "Perfect". São videoclipes que lidam com os prazeres e as aventuras da juventude e as obrigações da vida adulta, respectivamente. Em poucos minutos e com a ajuda das canções inspiradas dos Pumpkins, eles abordam esses assuntos com propriedade. Passados tantos anos dessas realizações – e de PEQUENA MISS SUNSHINE -, é possível que o casal tenha perdido a mão.

Ah, e para quem assiste TRUE BLOOD e é fã da vampira Jessica, Deborah Ann Woll tem uma participação pequena no filme, mas que foi o único momento que realmente me entusiasmou. No mais, o elenco de apoio conta com Antonio Banderas, Annette Bening e Elliot Gould.

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