domingo, maio 07, 2006
MISSÃO: IMPOSSÍVEL 3 (Mission: Impossible III)
Sensacional a estréia de J.J. Abrams no cinema. Uma prova de que a saída para o marasmo em que se encontra(va) o cinemão hollywoodiano está mesmo nas séries de televisão. Na televisão, a equipe tem que se esforçar para que a audiência não mude de canal. O espetáculo nunca pode ficar chato. Lembrando que MISSÃO: IMPOSSÍVEL 2 (2000) tinha esse problema: John Woo havia se excedido nas cenas de ação, tornando-as muito longas e cansativas. Esse erro, J.J. não deixa acontecer em nenhum momento. Não é exagero dizer que MISSÃO: IMPOSSÍVEL 3 (2006) é um marco na história do cinema de ação americano, da mesma forma que o foram OPERAÇÃO FRANÇA, de William Friedkin, nos anos 70, e DURO DE MATAR, de John McTiernan, nos anos 80 e 90. A estréia de J.J. tem jeito de ser um prenúncio de uma nova era para o gênero.
MISSÃO: IMPOSSÍVEL 3 já começa em alta voltagem. Ethan Hunt (Tom Cruise) está imobilizado pelo vilão (Philip Seymour Hoffman) e à sua frente está sua namorada (a bela Michelle Monaghan), também imobilizada e amordaçada. Caso ele não dê a informação que o vilão deseja, a moça levará uma bala na cabeça. Quando ele conta até dez e ouvimos o tiro, começam os créditos com a conhecida música tema de Lalo Schifrin, dessa vez com arranjos do ótimo Michael Giacchino, como se fosse uma empolgante série de televisão que a gente tem o prazer de assistir. (Eu me senti um pouco quando criança, quando começava o seriado do Batman e eu pulava no sofá de alegria.) Depois dos créditos, voltamos para um passado recente e flagramos a intimidade de Ethan Hunt, disposto a largar o trabalho perigoso para se dedicar à mulher que ele ama. Até que surge uma nova missão, que ele não consegue rejeitar: resgatar uma agente que foi sua pupila (Keri Russell), presa nas mãos de bandidos, durante uma missão.
A semelhança com ALIAS é enorme. Tom Cruise age como uma Sydney Bristol, tentando a todo custo não envolver seus amigos em seu trabalho perigoso. Tem até uma cena em que Tom conversa de costas com um de seus informantes, assim como Sydney fazia com o Vaughn na primeira temporada da série. É como se J.J. Abrams pensasse num episódio super-especial de ALIAS e o trouxesse para o cinema. O diretor já havia batido um recorde ao dirigir o piloto de série mais caro da história com LOST. Dessa vez, ele bate novo recorde ao dirigir o mais caro filme (U$ 150 milhões) dirigido por um estreante.
Cenas empolgantes não faltam. E o bom é que não há uma preocupação em ser realista, verossímil. A inverossimilhança é uma virtude. E outra lição de Hitchcock também é aproveitada: há um mcguffin no filme, o tal "pé-de-coelho", que funciona como motor da ação. Entre os momentos eletrizantes, temos a seqüência do Vaticano, que é mostrado como um reduto do luxo e da corrupção. Outras seqüências eletrizantes: a cena do resgate de Keri Russel, com helicópteros passando por entre geradores de energia eólica; a cena dos mísseis na ponte; a fuga de Tom Cruise em Shanghai; e o tão aguardado encontro de Cruise e Hoffman prenunciado no prólogo. E Tom Cruise ainda dá uma de Jack Bauer no final, que eu não vou contar aqui pra não estragar a surpresa.
O desempenho de Hoffman como vilão é genial. O trabalho de equipe nunca foi tão harmônico. Dessa vez, além dos "veteranos" Tom Cruise e Ving Rhames, completam o time os novatos Jonathan Rhys Meyers e Maggie Q. Mas claro que quem brilha mesmo é Tom Cruise, que faz questão de não usar dublês nas cenas de ação e é um ator bastante esforçado para dar o melhor de si. Tom Cruise é o cara. Não tem outro ator em Hollywood com o poder que ele tem e a capacidade de escolher os melhores projetos dos melhores diretores. O cara sai de um filme de Michael Mann para um de Steven Spielberg e agora aumenta a estrela de J.J.Abrams. E ele vem aí com outro filme dirigido por Michael Mann, THE FEW. Mas não nos antecipemos, pois o momento é de louvar essa bela obra de arte que é MISSÃO: IMPOSSÍVEL 3.
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