Fim de semana dos mais tristes que eu já passei em minha vida. José Paula (ou Palmeira, como era mais conhecido), um amigo querido e colega de trabalho, nos deixou na madrugada de sexta para sábado, tendo sofrido parada cardíaca. O sábado, eu dediquei ao seu enterro e a chorar a sua morte. Vai ser difícil voltar a trabalhar amanhã e ver a sua mesa vazia, vai ser ruim lembrar das brincadeiras que ele fazia e saber que ele não vai mais estar presente. Uma grande perda de uma pessoa extraordinária. Mas como a vida continua apesar da dor e das dificuldades, vamos seguindo, tentando não ficar tão amargos. Engraçado que antes de eu receber o telefonema do Pedro sobre a morte dele durante a aula de espanhol no sábado pela manhã, eu havia me emocionado com uma canção que a professora havia colocado no som pra gente ouvir e acompanhar com a letra - "Gracias a la Vida", na voz de Elis Regina, composta por Violeta Parra. Trata-se de uma canção que celebra os momentos da vida, tanto os bons quanto os maus. Belíssima. Deixo aqui como dica. Mas voltemos ao cinema, ainda na minha fase preto e branco.
Continuando a viagem pela filmografia de Carl Theodor Dreyer, passei por MIKAEL (1924), filme até importante do autor, mas que não tem a mesma graça de A QUARTA ALIANÇA DA SRA. MARGARIDA. Bom, pelo menos eu não achei tão bom quanto. Em compensação, os nomes presentes nessa produção são bem célebres. Senão vejamos: os dois diretores de fotografia creditados são Karl Freund (METRÓPOLIS e DRÁCULA) e Rudolph Mate (O MARTÍRIO DE JOANA D'ARC); quem faz o papel do pintor e escultor é Benjamin Christensen, diretor de HAXAN; quem faz o papel de Mikael é Walter Slezak, mais conhecido pelo papel do vilão nazista de UM BARCO E NOVE DESTINOS, de Alfred Hitchcock; quem fez o roteiro adaptado para o cinema foi Thea von Harbou, que foi casada com Fritz Lang até ele fugir dos nazistas na Alemanha; e o produtor era Erich Pohmer, sujeito que financiava os primeiros filmes de Lang e do expressionismo alemão.
A trama não é das mais interessantes. Zoret, pintor e escultor famoso, vive com seu protegido, o jovem Mikael, que lhe dá assistência, como uma espécie de secretário. Mas já se nota que a relação dos dois aparenta ser bem mais do que profissional ou de pai e filho como às vezes Zoret quer dar a entender. Há um homossexualismo implícito. O problema começa para Zoret com a chegada da princesa Zaikoff, por quem Mikael se apaixona. Com o tempo, Zoret acaba ficando sozinho e sentindo a falta de Mikael. Não há muito mais a contar, já que as coisas acontecem de maneira muito lenta. E apesar de o filme ter apenas 86 minutos, dá impressão de que tem mais do que isso.
O que há de melhor no filme é a iluminação, a fotografia, os cenários, algumas tomadas fantásticas, os closes, já antecipando, inclusive, a excelência da utilização do recurso em O MARTÍRIO DE JOANA D'ARC (1928). Mesmo assim, esperava mais de MIKAEL.
Próximo Dreyer a ver: O VAMPIRO (1932), que não faz parte dessa coleção da Magnus Opus, mas que pode ser encontrado numa cópia da Continental. Dizem ser um dos melhores dele.
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