segunda-feira, junho 10, 2013
O GRANDE GATSBY (The Great Gatsby)
E o quinto longa-metragem do diretor australiano Baz Luhrmann se mostrou um sucesso. Levando em conta, claro, que o espectador tenha gostado dos excessos do cineasta em um de seus melhores filmes, MOULIN ROUGE – AMOR EM VERMELHO (2001), que é o trabalho do diretor que mais entra em sintonia com O GRANDE GATSBY (2013). Ambos são filmes que contam histórias de amor trágicas; ambos fazem questão de incluir canções do nosso tempo ao tempo da narrativa, no caso, início dos anos 1920. Um período, aliás, muito propício para os excessos de Luhrmann, já que foi um dos momentos mais permissivos da sociedade americana, no bom sentido do adjetivo.
Mas a obra que deve ser mais comparada com o filme, além do próprio romance homônimo de F. Scott Fitzgerald, é a adaptação de Jack Clayton, lançada em 1974, tendo Robert Redford e Mia Farrow nos papéis de Gatsby e Daisy. E se o filme dos anos 70 é bem lento e aborrecido, o mesmo não se pode dizer da nova versão, que é bem dinâmica e que aproveita como poucos a tecnologia 3D, que geralmente é usada em filmes de ação, mas que chega a surpreender positivamente aqui. Por isso, recomenda-se ver o filme em 3D mesmo. Faz muita diferença.
Um dos destaques são as letras que brotam da tela e parecem invadir o nosso espaço. Letras saídas do próprio romance de Fitzgerald, como uma espécie de homenagem explícita ao escritor. E esse é apenas um dos exemplos. Há vários outros, elegantes e invulgares. Logo no começo do filme, por exemplo, o 3D é usado no velho recurso de desfocar um personagem para focar outro na mesma tela. Isso acontece na cena do narrador Nick Carraway, vivido por Tobey Maguire, e um senhor que ouve a sua história. A história sobre o homem mais otimista que ele já conheceu.
Este homem é Jay Gatsby, que não demora muito para ser apresentado para a audiência. Um dos méritos do Gatsby de DiCaprio é ser mais humano e amigável do que aquele vivido por Redford. Ele tira aquele ranço um tanto arrogante daquela versão e traz um personagem inquieto, ansioso. Tanto que chega ao ponto de entrar numa pesada chuva, depois de uma crise de ansiedade gerada pela expectativa de reencontrar sua amada Daisy (Carey Mulligan), após cinco anos sem vê-la, e sabendo que agora ela é uma mulher casada.
A história já é conhecida de quem viu a outra versão ou de quem leu o romance, mas em nenhum momento isso tira o interesse na versão colorida e deliberadamente exagerada de Luhrmann. Além do mais, há sempre algumas alterações na narrativa, sejam supressões ou acréscimos. A opção, por exemplo, de dar mais espaço para a narração em voice-over de Nick, que muitas vezes pode ser vista como redundante, ajuda-nos a compreender as emoções dos personagens. Um exemplo muito bem-vindo é o da cena das camisas. Na versão de 1974, Daisy chora dizendo que nunca havia visto tantas camisas belas. Nesta versão, há a narração de Nick, que nos avisa que ela chora por outra razão: pelos cinco anos que perdeu, que poderia estar com Gatsby.
Mas a trama é a mesma: Nick é um primo de Daisy que a visita. Ele mora em uma casa do outro lado do lago. Não por coincidência, uma casa vizinha à de Gatsby, um misterioso e jovem milionário que oferece festas fenomenais em sua mansão, aberta para todos. Gatsby conquista a amizade de Nick, que o ajuda ao trazer Daisy para um reencontro, às escondidas do marido, Tom (Joel Edgerton, muito bom no papel de um sujeito cafajeste). A partir daí, começam os encontros às escondidas de Gatsby e Daisy.
Os efeitos especiais de O GRANDE GATSBY às vezes nos deixam um pouco tontos, como quando a câmera mergulha ou se afasta rapidamente ou quando acompanha os carros em movimento. Mas tudo funciona a favor do filme. Tanto para acentuar o estilo do diretor, quanto para auxiliar a narrativa e apresentar a Nova York dos anos 20 próxima da loucura que foram aqueles anos.
Pena que, diferente da versão de 1974, nesta nova adaptação, a personagem Jordan Baker tem pouco espaço no enredo. O que há a se lamentar é que a atriz que a interpreta, Elizabeth Debicki, rouba a cena nas vezes em que aparece, exuberante, com seu cabelo típico daquela época. Aliás, Carey Mulligan também nunca esteve tão bela. O que é muito importante para ajudar o espectador a acreditar no amor devotado de Gatsby por ela.
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