sexta-feira, junho 14, 2013

DOIS HERÓIS BEM TRAPALHÕES (Crimewave)























Eis o elo perdido entre praticamente tudo o que Sam Raimi dirigiu em sua carreira. DOIS HERÓIS BEM TRAPALHÕES (1985) foi produzido entre A MORTE DO DEMÔNIO (1981) e UMA NOITE ALUCINANTE (1987) e esta comédia maluca foi co-escrita pelos irmãos Coen. Trata-se de uma das pérolas pouco conhecidas de um cineasta que entrou facilmente no mainstream, ainda que com um filme barato, sangrento e com um demônio possuindo corpos de jovens em tomadas alucinantes.

O modo de filmar de Raimi, que remete aos desenhos animados da Warner, do Pica-pau ou do Popeye, aparece com tudo nesta comédia sem medo dos excessos e toda cheia de estilo. Até porque a história em si não é tão boa. É o tipo de filme que se sustenta mais pela forma do que pelo conteúdo.

Na trama, rapaz vai para a cadeira elétrica por um crime que ainda não sabemos qual foi. Ele se diz inocente e, a partir de um grande flashback, vemos como ele foi parar ali. O rapaz é um tipo inocente e ingênuo que trata bem as pessoas que o tratam mal e tenta se dar bem com uma mulher que fica aborrecida com o namorado (vivido pelo ator-fetiche de Raimi, Bruce Campbell). Uma trama paralela se desenrola e vai afetá-lo diretamente: um executivo contrata dois exterminadores (os personagens mais cartunescos do filme) para matar o seu sócio.

Imagina-se que, com a sorte do rapaz, a culpa de tudo vá chegar até ele, mas o barato está em ver como é que chega. Aliás, nem isso é tão importante. O grande barato do filme é viajar no estilo alucinante e cheio de neon (eram os anos 80 em seu auge) que Sam Raimi trata sua história, que até pode ser vista como uma comédia B com pouca importância, mas só para quem não perceber as suas imensas qualidades.

Uma vez que se vê DOIS HERÓIS BEM TRAPALHÕES, vê-se tanto as comédias dos Coen em estado bruto ali presentes, como principalmente as obras de Raimi, tão próximas do território dos desenhos animados, dos quadrinhos, do fantástico. Tanto é que isso levou o diretor a fazer uma continuação bem mais carregada de humor para o seu A MORTE DO DEMÔNIO, a dirigir um filme de super-herói dos bons (DARKMAN – VINGANÇA SEM ROSTO, 1990), que consequentemente foi motivo para que ele fosse contratado para dirigir a trilogia HOMEM-ARANHA (2002, 2004, 2007). Estava tudo aí, nesta comédia pouco conhecida do grande público.

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