domingo, julho 01, 2012

JOVENS ADULTOS (Young Adult)



Não sei se fiquei deprimido porque vi o filme ou se já estava deprimido e fiquei ainda mais vendo JOVENS ADULTOS (2011), o mais recente trabalho de Jason Reitman, novamente em parceria com a roteirista Diablo Cody. Os dois haviam feito um ótimo trabalho juntos em JUNO (2007). O fracasso com os rumos da vida e a solidão novamente aparecem como temas caros ao diretor, assim como havia aparecido em AMOR SEM ESCALAS (2009). O diretor e a roteirista não têm pena de sua personagem. Ou talvez até tenham, mas é preciso que ela desça merecidamente ao seu inferno pessoal para que possa aprender. Se bem que pelo final do filme, será que ela realmente mudará? De todo modo, esse questionamento é mais um ponto a favor.

Na trama, Charlize Theron é uma escritora de livros juvenis que sofre com a solidão e o alcoolismo, embora procure manter as aparências. Certo dia recebe um e-mail do ex-namorado dos tempos de colégio (Patrick Wilson), mostrando o bebê recém-nascido de seu feliz casamento. Intrigada, ela vê isso como um sinal, uma oportunidade de reconquistá-lo, não importando que para isso tenha que acabar com o casamento do sujeito. Com toda sua arrogância, ela volta à cidadezinha onde nasceu e a única pessoa com quem ela trava algo próximo de uma amizade é um sujeito que ficou paralítico depois de uma surra na escola, de uma turma de machistas que o consideravam gay, vivido por Patton Oswalt.

A personagem de Theron tem algo que faz com que não a odiemos, embora tenha tudo para isso. Claro que o tom aparente de comédia do filme contribui para isso. O que sentimos por ela, apesar de tudo, é um sentimento de solidariedade, para usar palavra melhor do que pena. Creio que solidariedade é melhor também pois podemos nos colocar em seus sapatos, já que uma vez que não estejamos satisfeitos com os rumos de nossas vidas, é possível que haja uma espécie de identificação aproximada. Mesmo nas sequências mais constrangedoras para a personagem. E nisso, JOVENS ADULTOS, embora pareça menos interessante que JUNO ou AMOR SEM ESCALAS, é bem mais incômodo. E nisso reside sua força.

E ponto mais uma vez para Charlize Theron, que encara mais uma personagem antipática, sem medo de perturbar sua beleza com isso.