segunda-feira, fevereiro 06, 2012

HISTÓRIAS CRUZADAS (The Help)



Com um elenco de maravilhosas atrizes, HISTÓRIAS CRUZADAS (2011), segundo longa-metragem de Tate Taylor, acabou caindo nas graças do público americano, com sua história sobre intolerância e falta de respeito com o negro. No entanto, sabe-se que há ainda muita hipocrisia na sociedade americana e na própria Hollywood, no que se refere ao racismo, por mais que eles tentem posar de progressistas. Basta ver a cerimônia do Globo de Ouro deste ano: quando Sidney Poitier foi receber uma homenagem, praticamente todos os que estavam de pé ali para aplaudi-lo eram brancos. A sociedade americana até evoluiu bastante da década de 1970 para cá, mas muito por causa dos próprios negros, que lutaram por seus direitos e por sua autoestima.

Uma das cenas mais curiosas de HISTÓRIAS CRUZADAS é a do baile. Reparemos nos negros tocando o bom rock'n'roll e animando a festa para as dondocas brancas sulistas e racistas, que tratam suas empregadas como escravas, como se ainda estivessem no século XIX. Como se não bastasse os negros servirem os brancos como domésticas e garçons, eles ainda os serviam com o que havia de melhor na música popular americana. Todo mundo sabe disso hoje, mas é necessário sempre lembrar. E um filme como HISTÓRIAS CRUZADAS serve para isso.

Na trama, passada no sul dos Estados Unidos no início da década de 1960, Emma Stone é Skeeter, uma jovem recém-saída da faculdade que volta à sua cidade natal com a ideia de escrever um livro do ponto de vista das empregadas negras. A ideia é transgressora. Afinal, aquela é uma sociedade que divide banheiros para brancos e negros. Ainda por cima, os negros são assombrados pela Ku-Klux-Klan e só encontram liberdade e alento nos cultos evangélicos. A ideia é aceita por Aibileen (Viola Davis) e por Minny (Octavia Spencer), as primeiras empregadas domésticas a toparem contar suas histórias de humilhação e dor, que seriam a gênese para o livro anônimo "The Help".

O problema do filme é o fato de ser um drama edificante ao estilo Disney, para toda a família, o que acaba comprometendo o resultado, inclusive nas próprias interpretações e no tom. Especialmente a personagem mais malvada da história, vivida por Bryce Dallas Howard, que mais parece saída de uma novela das oito da Rede Globo. Assim, até atrizes que ganham papéis menos ingratos, como Emma Stone, Viola Davis, Octavia Spencer e Sissy Spacek, acabam se prejudicando também. Talvez quem menos se prejudique seja Jessica Chastain, como a mulher esnobada pelas outras.

HISTÓRIAS CRUZADAS recebeu quatro indicações ao Oscar: filme, atriz (Viola Davis), atriz coadjuvante (Octavia Spencer) e novamente atriz coadjuvante (Jessica Chastain).

Nenhum comentário: