sábado, setembro 09, 2017

OITO FILMES EXIBIDOS NO FESTIVAL VARILUX 2017

Não é que a edição deste ano do Festival Varilux de Cinema Francês tenha sido ruim. Apenas não conseguiu ser tão boa quanto a do ano passado. Ou seja, voltou a ser apenas uma apresentação de filmes medianos que já estão todos (ou quase todos) garantidos para serem exibidos no circuito. Alguns até já foram, inclusive. Eu que demorei demais para falar a respeito e o tempo foi passando. Assim, vamos de pílulas sobre os filmes.

O FILHO URUGUAIO (Une Vie Ailleurs)

Drama sensível sobre maternidade, se sentir amado e ao mesmo tempo carente por se achar órfão, O FILHO URUGUAIO (2017), de Olivier Peyon, é desses filmes tão agradáveis e bonitos quanto pouco memoráveis. Dá para destacar a relação que se estabelece entre o menino e o personagem de Ramzy Bedia, que é o sujeito incumbido de convencer a criança de que ele deve voltar para a sua mãe, que só muito recentemente conseguiu encontrá-lo. A personagem de Isabelle Carré é que deveria ter mais força no conjunto. Ainda assim, sobram belas cenas.

PERDIDOS EM PARIS (Paris Pieds Nus)

Não conhecia e sequer sabia que existia essa dupla de comediantes, Fiona Gordon e Dominique Abel. Achei PERDIDOS EM PARIS (2016) muito bom, principalmente no aspecto formal. Lembra o cinema de Roy Andersson, ainda que menos genial, na comparação. Aliás, talvez a comparação seja um pouco injusta com Abel e Gordon. Gosto muito do trabalho de direção de arte, que é responsável por boa parte da beleza do filme, que se perde um pouco quando entra em cena a terceira personagem (Emmanuelle Riva, em um de seus últimos papéis). Até lá estava bem engraçado.

RODIN

Um filme que só tem duas horas mas parece ter três este RODIN (2017), de Jacques Doillon. Impressionantemente desinteressante, mesmo com um ator da força de um Vincent Lindon à frente do personagem. Tentam dar um ar "de arte", com uns fade outs e uns hiatos temporais e tal, mas não tem jeito. Escapam as modelos e, claro, o trabalho impressionante do artista nesta brincadeira sem graça. No caso, o problema nem é o filme ser quadrado. Se fosse, quem sabe até descesse melhor.

TOUR DE FRANCE

Um bonito filme sobre amizade em meio às diferenças, TOUR DE FRANCE (2016), de Rachid Djaïdani, não tem lá muita coisa nova, mas é bem conduzido, Depardieu está bem, mas quem ganha os holofotes é mesmo o jovem Sadek, um rapper famoso na França. E eu nem sabia que ele era um rapper mesmo. Pode até estar interpretando a si mesmo, mas é preciso talento para fazer com que uma história dessas funcione.

UM INSTANTE DE AMOR (Mal de Pierres)

Gosto de como UM INSTANTE DE AMOR (2016, foto), de Nicole Garcia, tem um olhar feminino (ou pelo menos passa a entender), de modo que tenhamos uma personagem complexa e sempre levada pela paixão, com dificuldade de acompanhar uma vida mais racional. Há quem possa achar isso ruim, não sei, talvez por mostrar uma mulher com pouco controle de seus desejos e de sua mente mesmo, mas pra mim é o que há de melhor no filme. E Marion Cotillard tá muito bem nesse papel. Há uma cena de sexo dela que é sensacional. Não do ponto de vista erótico, mas em como consegue ser, de certa forma, mágica.

UMA FAMÍLIA DE DOIS (Demain Tout Commence)

Mais uma vez o povo querendo se aproveitar da simpatia do Omar Sy para fazer um desses melodramas feitos para agradar a família. UMA FAMÍLIA DE DOIS (2016), de Hugo Gélin, acaba parecendo uma comédia dramática da Disney, dessas que passam na sessão da tarde e a gente esquece logo em seguida. Além do mais, quando é para emocionar não emociona. Na trama, Omar Sy é um sujeito mulherengo que tem sua vida mudada quando lhe é entregue uma filha nascida de uma aventura para que ele cuide.

A VIDA DE UMA MULHER (Une Vie)

É muito sofrimento pra uma mulher só, meu Deus.. As partes mais belas de A VIDA DE UMA MULHER (2016), de Stéphane Brizé, são as das cartas, que denunciam a herança literária do filme, partindo do romance de Maupassant, e que eu infelizmente não li. Mas há coisas que são opções estéticas do diretor que funcionam muito bem para passar a sensação de opressão da protagonista, como o uso da janela 1,33:1. Pena que no cinema que eu fui ver o filme exibiram na janela errada, cortando as partes de cima e de baixo da tela, por pura ignorância.

O REENCONTRO (Sage Femme)

Ótima surpresa este O REENCONTRO (2017), de Martin Provost, que meio que passou em branco durante o Varilux por mim e também não foi levado em consideração como algo além de um filme mediano ou menos do que isso. Muito bonita a relação das duas mulheres. Grande performance, principalmente da Catherine Frot, que interpreta uma mulher que trabalha em um hospital de maternidade que está prestes a fechar. Ela é visitada pela mulher que foi esposa de seu pai, vivida por Catherine Deneuve, que só então fica sabendo que o ex-marido não está mais vivo, além de contar para a filha/enteada sobre seu problema grave de saúde.

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