quinta-feira, setembro 28, 2017

O SEQUESTRO (Kidnap)





Halle Berry é um dos vários casos de atriz que chegou ao primeiro time de Hollywood, mas que foi amaldiçoada pelo Oscar, que ganhou com sua ótima atuação em A ÚLTIMA CEIA, de Marc Forster. Isso foi há 16 anos já. De lá pra cá, ela esteve presente em alguns filmes da franquia X-Men, fez um filme que todo mundo adora odiar (MULHER-GATO), esteve presente como coadjuvante em alguns bons títulos (e outros não tão bons também), fez uma obra de respeito (COISAS QUE PERDEMOS PELO CAMINHO) e de vez em quando se engraça em trabalhar em alguns thrillers de gosto duvidoso, mas que às vezes se mostram uma delícia de assistir.

Foi o caso de NA COMPANHIA DO MEDO, de Mathieu Kassovitz; A ESTRANHA PERFEITA, de James Foley; o pouco visto MARÉ NEGRA, de John Stockwell; e CHAMADA DE EMERGÊNCIA, de Brad Anderson, que é o título que mais se assemelha em espírito com o novo O SEQUESTRO (2017), devido á tensão constante e o desespero da protagonista para salvar a vida de alguém. No caso do novo filme, trata-se da vida do próprio filho, que é sequestrado por um casal com pinta de white trash people.

Aliás, muito bom o modo como pintam os vilões. Eles realmente parecem ameaçadores. E isso contribui bastante para que nos sintamos no lugar da personagem da mãe desesperada e que não prefere não esperar pela polícia, que nada faz a não ser pedir que as pessoas preencham formulários e esperem sentados. Se há filmes que valorizam a polícia americana, este aqui é ao menos um que faz uma crítica, remetendo um pouco aos famosos thrillers de justiceiros que foram moda nos anos 1970 e 1980, como DESEJO DE MATAR.

Aqui, no entanto, não se trata de um filme de vingança. A própria protagonista, ao tentar negociar com os sequestradores, afirma que não tem nenhum interesse em entregá-los à polícia, que só quer que eles lhe devolvam o filho. Para quem não viu o filme, a trama nos apresenta a uma garçonete (Halle Berry) que está passando por uma situação delicada de divórcio litigioso com o ex-marido e que, no dia que leva o filho ao parque de diversões, o garoto desaparece.

O que parecia um filme bem ordinário acaba se mostrando uma diversão eficiente e empolgante logo que a personagem de Berry sai em disparada perseguindo com o próprio carro os bandidos na estrada. Até imagina-se que em algum momento O SEQUESTRO vai perder o fôlego, mas não é isso que acontece. Ponto para o diretor Luis Prieto, mais ou menos conhecido por CONTRA O TEMPO (2012) remake britânico de PUSHER, de Nicolas Winding Refn . Não deixa de ser um diretor que merece a atenção daqueles que apreciam um bom filme de ação de baixo orçamento.

Voltando a O SEQUESTRO, vale destacar o bem-sucedido clímax, que, por mais que não pareça muito diferente do de tantos outros filmes do gênero, é bastante eficiente na construção do suspense e do medo. Pode até passar a impressão de que a última cena, seguida dos créditos, aponta novamente o filme para uma direção do trash, mas por que não considerar isso como um de seus charmes?

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