segunda-feira, maio 18, 2015

DIVÃ A 2



O cinema brasileiro este ano ainda não teve o seu blockbuster. De certa forma, tem sido interessante essa escolha em diminuir a quantidade de comédias, a fim de experimentar novos gêneros, ou ao menos novos tons. Deixando de lado os filmes que são exibidos apenas no circuito comercial, por exemplo, os cinemas de shopping este ano trouxeram até agora uma animação (ATÉ QUE A SBÓRNIA NOS SEPARE), um drama romântico (PONTE AÉREA), um documentário musical (CÁSSIA ELLER), um drama sobre depressão (ENTRE ABELHAS), um drama de guerra (ESTRADA 47) e apenas duas comédias que não obtiveram tanto assim nas bilheterias – SUPERPAI e O DUELO.

DIVÃ A 2 (2015), de Paulo Fontenelle, segue a tendência. Embora possa ser classificado como uma comédia romântica, há um interesse em buscar novos tons, de parecer mais sério, ao nos apresentar a história de um casal em crise, que fala para seus analistas sobre a decadência de seu casamento e da vida depois da separação. Assim, ouvimos tanto a narrativa pelo ponto de vista de Eduarda (Vanessa Giácomo) quanto pelo de Marcos (Rafael Infante).

Claro que isso não quer dizer que DIVÃ A 2 seja uma beleza de filme. Na verdade, há muitos problemas, a trama é boba e até um pouco manjada, alguns diálogos são constrangedores e o final é brega que dói, mas há algo no filme que é simpático e divertido o suficiente para deixar o espectador pelo menos mais bem-humorado ao final da sessão, já que momentos de riso não faltam, principalmente por causa de Rafael Infante, mais um ator do canal humorístico Porta dos Fundos que tenta se firmar no cinema.

Infante é responsável pelos momentos mais divertidos do filme, embora haja uma tendência de o enredo desenvolver mais o drama de Eduarda, já que é ela quem encontra alguém significativo em meio às aventuras que os dois viveram no momento pós-separação. Trata-se do analista interpretado por Marcelo Serrado. Ele personifica o homem ideal para Eduarda. O que, aliás, faz com que isso seja algo bastante estranho para ela, acostumada que estava com o comportamento mais infantilizado, brincalhão e egocêntrico de Marcos, que durante a separação não conseguiu nem ser um pai razoável para o filho.

Porém, uma vez que estamos diante de um filme sem muitas pretensões, não há por que cobrar tanto de DIVÃ A 2. Trata-se de diversão escapista feita por um sujeito que havia dirigido uma comédia bastante irregular, para dizer o mínimo (SE PUDER...DIRIJA!, 2013) e um suspense pouco conhecido (INTRUSO, 2009), que não deve ser grande coisa também.

A mão pesada de Fontenelle é compensada com a simpatia de seus protagonistas, e por isso até que DIVÃ A 2 não se sai tão mal. O segredo é manter as expectativas baixas e relaxar. Quem sabe até você se identifique com alguns momentos ou até pense em quantas anda a sua vida amorosa.

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