quarta-feira, maio 20, 2015

THE ENFIELD HAUNTING



Atualmente estamos testemunhando uma crise no cinema de horror, especialmente os filmes que chegam aos nossos cinemas, já que há alguns, mais underground, que são descobertos por poucos. Em meio a este cenário tenebroso, a televisão britânica resolveu produzir esta minissérie em três episódios baseada em um caso que aterrorizou uma família na cidade de Enfield. Trata-se de um episódio bastante famoso e que inclusive fará parte da trama de INVOCAÇÃO DO MAL 2, de James Wan, previsto para o próximo ano.

O que depõe a favor de THE ENFIELD HAUTING (2015) é ser tanto um filme de assombração clássico quanto um drama sensível sobre perdas familiares. Somos apresentados inicialmente a um senhor de coração dolorido que tem a fama de cuidar de casos paranormais, Maurice Grosse, vivido com delicadeza pelo veterano Timothy Spall (SR. TURNER).

Ao chegar à casa da atormentada família Hodgson, ele logo se afeiçoa à pequena e molestada pelas entidades Janet (Eleanor Worthington-Cox, que fez a princesa Aurora aos 8 anos em MALÉVOLA), que não por acaso tem o mesmo nome da filha que ele perdeu em um acidente, anos atrás. A afeição é recíproca e a pequena e inteligente menina vê o velho e atencioso Maurice como o pai que ela não tem – o seu pai abandonara a família (a mulher, duas meninas e um menino com problema de gagueira) há alguns anos.

Entra para ajudar Maurice o especialista em poltergeists Guy Playfair (Matthew Macfadyen, o eterno Mr. Darcy, de ORGULHO E PRECONCEITO), com um livro publicado sobre sua experiência com fenômenos paranormais no Brasil. No entanto, ao chegar à casa dos Hodgson, inicialmente, ele trata com ceticismo o caso, pensando na possibilidade de a pequena Janet estar enganando a todos.

A minissérie teve todos os três episódios dirigidos por Kristoffer Nyholm, conhecido pela versão original de THE KILLING (2007-2012). Nyholm lida muito bem com uma história que poderia ser contada com todos os clichês de casas assombradas e coisas do tipo, inclusive com muitos sustos, mas os envolvidos preferiram um tom mais contido, embora não faltem cenas explícitas de ataque das entidades malignas através de objetos ou mesmo corpos sendo arremessados, assim como vozes saindo da boca da pequena Janet. Como já estamos há muito tempo da exibição de O EXORCISTA, já até nos acostumamos com isso, embora vez em outra um novo filme ou uma nova série consiga nos fazer arrepiar com algo do tipo.

THE ENFIELD HAUNTING faz isso, mesmo quando os rumos da história parecem se encaminhar para um desfecho niilista e um tanto incômodo, e talvez um pouco longe das tradicionais cenas de expulsão de demônios. Até porque a série lida com espíritos e não com demônios, o que dá, de certa forma, um ar de maior aprovação no que se refere ao realismo que ele tenta buscar, a fim de se tornar o mais próxima possível dos eventos reais.

O que chega a elevar o status da série é o seu último episódio, que lida de maneira mais aprofundada com a questão da perda, tanto de Maurice quanto de Janet, e que torna a minissérie ao mesmo tempo comovente e arrepiante.

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