domingo, maio 08, 2011

A SALVO (Safe)



A última estada em Sampa foi mais tranqüila, no sentido de não haver uma agenda tão cheia como nas vezes anteriores. Assim, pude ver alguns filmes na casa do camarada Michel. Ele dizia para eu escolher qualquer filme, entre os vários que ele dispunha em seu HD. A vantagem é que qualquer filme que estava ali, ele veria mesmo de uma maneira ou de outra. Optei por A SALVO (1995), de Todd Haynes, filme que há tempos eu deveria ter visto. Quase levo num saldão de vhs tempos atrás, mas pra quê, se hoje em dia está quase tudo disponível em dvdrip para download? O amigo Davi Pinheiro até tinha feito uma cópia do filme para mim tempos atrás, e eu não tinha visto até então.

A SALVO é uma espécie de antecipação dos anos 2000, era da síndrome do pânico, da paranoia, das doenças psíquicas do novo século em grande escala. Na música, muita gente antenada já havia também previsto esse mal, como o Radiohead e seu OK, COMPUTER e o Garbage com VERSION 2.0. No cinema, a tarefa coube a Haynes, que ao mostrar o processo de uma doença misteriosa dá ao filme um ar extremamente sombrio, muito próximo de um filme de horror. A sequência em que Julianne Moore está deitada na cama e pergunta, desorientada, ao marido onde ela está me deixou arrepiado. Outra sequência especialmente perturbadora a mostra dirigindo tossindo e sem fôlego. Fico imaginando uma pessoa com problema de asma vendo o filme, já que eu mesmo já estava me sentindo mal com aquilo.

Por isso, gosto especialmente da primeira metade do filme, que tem mais aspecto de terror misturado com filme de doença. A SALVO, pelo menos em seu primeiro momento, guarda semelhança com outro filme de Haynes, LONGE DO PARAÍSO (2002), também protagonizado por Julianne Moore. A semelhança está no falso bem-estar de uma vida rica, dentro dos padrões do american way of life, quando o mal - ou a verdade - está à espreita. Mas a segunda metade talvez seja a razão de ser do filme, o momento em que ele expande o seu significado.

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