segunda-feira, maio 16, 2011

COMO VOCÊ SABE (How Do You Know)



James L. Brooks vai ser sempre lembrado por mim como o homem que me fez chorar com LAÇOS DE TERNURA (1983). E isso já faz um bom tempo. E lá naquele filme, cheio de delicadeza, Jack Nicholson estava presente também. Não nesse corpo inchado e envelhecido que ele se encontra aprisionado hoje, pois o tempo é cruel até com os astros de Hollywood. Nicholson também fez parceria com Brooks em um papel que talvez seja um dos mais importantes de sua carreira, o do sujeito com TOC de MELHOR É IMPOSSÍVEL (1997). Nota-se que o diretor Brooks, embora trabalhe bem menos do que o produtor Brooks, em geral acerta o tom. E se COMO VOCÊ SABE (2010) talvez esteja longe do seu melhor, carrega a classe e o amor pelos personagens característicos de seus melhores filmes.

Na trama, Reese Whiterspoon é uma mulher dedicada desde a infância a um esporte que ela ama, o softball. Acontece que trabalhar como esportista pode ser uma tarefa ingrata, pois rapidinho a pessoa vai ficando velha demais para aquilo. Desencantada e desiludida da vida, ela recebe o apoio e o flerte do esportista milionário vivido por Owen Wilson. Que é até um sujeito legal, mas que por ser mulherengo e acostumado à vida cheia de confortos que leva, talvez não seja o sujeito ideal para a moça. Ao mesmo tempo, ela encontra um outro rapaz, que não tem nada de esportista e está passando por uma crise no trabalho muito pior do que ela (Paul Rudd). Ele está sendo acusado de crime financeiro. O pai (Jack Nicholson) é uma figura chave nessa situação.

Interessante no filme é que Paul Rudd, que é um personagem que começa fraco e bobo, vai se tornando aos poucos o elo de ligação com o público, o homem por quem a gente torce no final. Menos por sua situação de desvantagem em relação ao concorrente, mas pelo fato de ele parecer estar de fato apaixonado pela moça. E assim como ele cresce no olhar da personagem de Reese, ele também cresce em cena. Cresce como a aura pessimista que persegue como uma sombra ameaçadora a vida desses dois personagens, o que diferencia COMO VOCÊ SABE de outras comédias românticas aguadas. Pode não ser o melhor de Brooks – também adoro NOS BASTIDORES DA NOTÍCIA (1987) -, mas é muito mais do que se espera. E se destaca como um diferencial de qualidade nesse território atualmente infértil e tão cheio de clichês das comédias românticas. Brooks está mais interessado nas dores e no comportamento de seus personagens do que em seguir os padrões do gênero e agradar a grande massa.

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