quarta-feira, maio 25, 2011

HOMENS E DEUSES (Des Hommes et des Dieux)



Hoje é um daqueles dias em que meu cérebro parece que não pega nem no tranco. Ando lendo um texto superdenso e difícil e que requer um background bem considerável de filosofia e conhecimento de epopeia que eu infelizmente não tenho. Sem falar na linguagem do sujeito (Georg Lukács), que é muito complicada. Dando uma pausa para atualizar o blog, escolhi um filme que há tempos estou postergando, por um simples motivo: eu dormi em vários momentos da projeção. E nisso não quero colocar a culpa no filme, só para deixar claro. Portanto, o que pretendo descrever abaixo são apenas pequenas impressões esparsas do pouco que absorvi.

Vi HOMENS E DEUSES (2010), de Xavier Beauvois, em São Paulo, numa dessas sessões logo após o almoço. E como o filme tem um ritmo bem lento, o convite às cochiladas foram quase inevitáveis. Pelo menos, antes do filme seguinte (TURNÊ) (era uma "sessão dupla"), eu tomei uma xícara de café para ficar mais alerta. Quanto ao filme, não deixa de ser estranho ver aquele grupo de monges franceses confinados num mosteiro em plena Argélia mulçumana. Há uma guerra que assola o país e um grupo de fundamentalistas acaba pegando os monges para Cristo.

Porém, embora esse contexto político seja importante, ele é muito pouco explicitado. E como se trata de uma história baseada em fatos reais e falando de uma guerra real num lugar real, acho importante ficar sabendo. Talvez fosse o caso de eu ter lido a respeito antes de entrar para ver o filme, coisa que tenho feito cada vez menos ultimamente. Mas acho que vou fazer isso sempre com filmes que tratam de questões político-religiosas em países sobre os quais eu sei pouco. Outro problema do filme para mim diz respeito à própria falta de interesse em relação ao modo de vida dos monges. HOMENS E DEUSES tem um tom bastante respeitoso para com a coragem e o sentimento de amor fraternal – e até mesmo o amor maior cristão – desses monges.

E isso é algo que não costumamos ver no cinema contemporâneo, que tem o hábito de descer a lenha na Igreja Católica. Que nunca foi uma igreja que frequentei e cujo interesse de minha parte é apenas em sua História, que em geral é cheia de sujeira e motivos de vergonha, mas não se deve, de modo algum, generalizar. Eu mesmo sou fã de OS SINOS DE SANTA MARIA, de Leo McCarey, e da genialidade dos escritos de Padre Antônio Vieira.

HOMENS E DEUSES ganhou o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2010.

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