quarta-feira, março 23, 2011
JOGO DE PODER (Fair Game)
É sempre muito bom ver um sujeito que esteve no topo do poder e que agiu de maneira corrupta e mentirosa ser desmascarado, como está sendo George Bush. A história tem tratado disso. Mas pouco depois do ataque às Torres Gêmeas, quando George Bush culpou o ditador iraquiano Saddam Hussein, inventando a história de que Hussein havia conseguido urânio e de que havia armas de destruição em massa no Iraque, os Estados Unidos viviam uma onda de patriotismo e ódio aos responsáveis pelo pior atentado da história do país que qualquer pessoa que ousasse falar mal do governo era taxado de antipatriota ou comunista.
JOGO DE PODER (2010), de Doug Liman, é um retrato daqueles meses e anos que se seguiram ao atentado e foca a atenção na vida de um casal vivido por Sean Penn (no papel do diplomata Joseph Wilson) e Naomi Watts (como a agente secreta da CIA Valerie Plame). Ambos têm uma vida politicamente ativa e têm seus próprios princípios. O que acaba tornando o relacionamento dos dois bem complicado quando o Governo americano joga sujo e tenta tirar as pedras (os dois) do seu caminho.
Por mais que o filme traga um trama interessante, que seja tratado de forma inteligente - diferente de ZONA VERDE, de Paul Greengrass - e que tenha uma elegância narrativa, uma fotografia caprichada (do próprio Liman) e uma construção do drama familiar do casal como ponto alto, as sequências iniciais, quando JOGO DE PODER ainda carrega características de filme de espionagem, subgênero confuso por excelência, o filme é um convite ao sono. Por mais que Liman movimente sua câmera constantemente – mesmo numa simples cena de conversa do casal dentro do carro -, os vários personagens e nomes citados e o excesso de saltos temporais tornam o filme menos interessante, a princípio.
Porém, quando a casa cai para Joseph Wilson, e sua esposa tem a idade secreta revelada, JOGO DE PODER ganha uma força impressionante. Wilson, como o homem que não se cansa de ir à luta e dizer à verdade à imprensa sobre a farsa de Bush, não poderia ter um intérprete melhor do que Sean Penn. O ator, que teve a coragem de dirigir um segmento do filme coletivo 11 DE SETEMBRO, que mostrava as Torres Gêmeas como elementos que mais serviam para matar a vida com suas enormes sombras, parece ter uma linha política bem de esquerda.
O fato é que, mesmo depois de Bush ter saído do poder, é mais do que válido um filme sério como esse expor a verdade por trás das falcatruas do ex-presidente e sua corja. Mesmo sabendo que nem ele, nem aqueles que o apoiavam vão para a cadeia um dia.
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