quarta-feira, dezembro 29, 2010

A LOUCURA DO VAMPIRO (Le Frisson des Vampires / The Shiver of the Vampires)



O ano de 2010 foi cruel para o cinema. Muitos cineastas de renome foram levados para o outro lado. Eric Rohmer, Blake Edwards, Mario Monicelli, Claude Chabrol, Dennis Hopper, Satoshi Kon, Arthur Penn, Irvin Kershner e, mais recentemente, e pouco noticiado pela mídia, até por ser um cineasta mais marginal, o mestre dos filmes de vampiras Jean Rollin. Tendo visto poucos filmes de Rollin – até então, apenas FASCINAÇÃO (1979) e LÁBIOS DE SANGUE (1975) –, aproveitei a listinha publicada por quem conhece o trabalho do homem (Leandro Caraça) para escolher uma obra, a fim de fazer uma espécie de homenagem, assim como fiz com Rohmer, Chabrol, Penn, Hopper e Kon. Peço desculpas aos demais por não ter feito o mesmo.

A LOUCURA DO VAMPIRO (1971) é um dos mais incensados filmes de Rollin. Considerados por muitos como o seu melhor trabalho, entre tantos seguindo a mesma temática. Seus filmes têm um grande apelo popular por juntar elementos que chamam a atenção do público: mulheres nuas, vampiros (principalmente vampiras, na verdade), sangue e cenários góticos.

No caso de A LOUCURA DO VAMPIRO, a trama se passa nos anos 1970, mas há um castelo gótico decorado com caveiras e outros objetos sinistros, o que faz com que ele adquira uma atmosfera atemporal. No lugar, não há energia elétrica e a iluminação é natural. Há uma cena em que a câmera dá um giro de 360 graus para nos mostrar a decoração do lugar.

Na trama, dois jovens recém-casados vão parar no castelo dos tios da moça (Sandra Julien). Assim que eles chegam, recebem a notícia de que os tios dela estão mortos. Mesmo assim, eles são convidados a ficarem. Duas das empregadas da casa – as mesmas que costumam sair à noite quase nuas, vestindo apenas roupas transparentes – pedem para que eles fiquem. O casal fica, mas a jovem prefere não dormir na mesma cama do noivo. Assim que ele sai do quarto, ela recebe uma companhia bem estranha: uma vampira que a hipnotiza e suga um pouco de seu sangue. Os tais tios dados como mortos aparecem. São dois vampiros que preferem não contaminar muitos com suas maldições e por isso vivem matando suas vítimas numa espécie de ritual de magia negra.

Ainda que em A LOUCURA DO VAMPIRO haja uma trama bem conduzida, a história não importa muito, como em geral ocorre nos filmes de Rollin, que se destacam mais pelo erotismo, pelos cenários, pela atmosfera de mistério e principalmente pelas imagens. Um dos momentos mais memoráveis e imagéticos do filme, por exemplo, é o que mostra Isolde, a vampira, saindo de dentro de um relógio. Destaque também para a trilha sonora rock da banda Acanthus, que em alguns momentos faz lembrar os filmes da era de ouro de Dario Argento.

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