quarta-feira, janeiro 07, 2015

QUATRO DOCUMENTÁRIOS



E chega aquela hora em que é preciso despejar alguns filmes em maior quantidade para que seja viável o objetivo do blog, que é escrever sobre todos os filmes vistos. Então, aproveitando que vi um documentário hoje, selecionei outros três que estavam na espera para finalmente escrever algo sobre eles. Com exceção do filme russo, que foi visto em casa, os demais foram vistos no Cinema do Dragão.

UM SONHO INTENSO 

O interessante deste filme de José Mariani é a viagem histórica sobre a economia brasileira do início do século XX até a era Lula. UM SONHO INTENSO (2013) é claramente uma obra que pende para a esquerda, mas melhor tomar um partido do que tentar fingir uma neutralidade. Quem é estudante de Economia deve aproveitar mais o filme. Ou então achá-lo um tanto didático. De todo modo, eu gosto de seu didatismo no que se refere à estrutura de tempo linear que nos ensina um bocado. Interessante quando chega perto do nosso tempo e nos familiarizamos com a época que vivenciamos. Ao mesmo tempo, a parte mais problemática do filme é sua conclusão. Talvez porque a história não tenha acabado.

ILEGAL 

Impressionante como este filme me fez chorar. A dor das mães costuma causar isso em mim. Será coisa de canceriano? ILEGAL (2014), de Tarso Araujo e Rafael Erichsen, acompanha, principalmente, o sofrimento de uma jovem mãe diante do quadro de epilepsia rara que tem a sua filha pequena. Nenhum anticonvulsivante resolve, a não ser um derivado da maconha, produzido nos Estados Unidos, mas proibido no Brasil. O filme acompanha a luta dessa mulher bonita, forte e destemida, mas também muito sensível, diante da burocracia e da burrice das instituições políticas do país. O filme também mostra outros casos de problemas de saúde que foram sanados com o uso do remédio ou da própria maconha sendo fumada mesmo. Se antes eu pensava duas vezes quando o assunto era legalização da cannabis, agora não tenho dúvida nenhuma de sua necessidade.

ANNA DOS 6 AOS 18 (Anna ot 6 do 18) 

O que acabou me fazendo ver este filme foi sua semelhança na estrutura com BOYHOOD – DA INFÂNCIA À JUVENTUDE, de Richard Linklater. A diferença é que aqui se trata de uma história real, de uma ideia que o ator e cineasta Nikita Mikhalkov teve quando sua filha Anna tinha seis anos de idade e a União Soviética ainda era um país forte e bastante reverenciado pela população. Em ANNA DOS 6 AOS 18 (1994, foto), Mikhalkov resolve fazer três perguntas bem simples para sua filha todos os anos, e assim acompanhar o crescimento da menina, que no começo tinha medo de monstros para depois passar a ter medo de guerras ou de sua família ser morta. Enquanto isso, o filme narra os processos de mudanças na União Soviética desde 1980 até o seu fim e a amarga ressaca da liberdade, bem como as dificuldades que o cineasta teve de manter vivo o seu filme durante o regime ditatorial, graças a amigos da França, que guardavam muito bem os trechos filmados.

LIBERTEM ANGELA DAVIS (Free Angela and All Political Prisoneres)

A história da vida de Angela Davis é bem interessante: ex-professora de uma renomada universidade americana que passou a ser caçada por ser comunista e posteriormente foi envolvida em um caso de assassinato e se tornou uma das 10 pessoas mais procuradas dos Estados Unidos. LIBERTEM ANGELA DAVIS (2012), de Shola Lynch, tem tudo para ser um filme empolgante. E às vezes até é. Pena que o ritmo acabe um pouco prejudicado e os vários momentos interessantes do processo de Angela não sejam tratados como deveriam. De bom tem a história, imagens e depoimentos da época, todo o contexto sociopolítico, envolvendo os Panteras Negras e a ascensão das lutas por direitos civis dos negros, e a questão da troca de cartas entre Angela e um outro preso político. Fiquei imaginando como ficaria numa dramatização feita com todo o cuidado e sensibilidade.

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