sexta-feira, janeiro 16, 2015

O CINEMA E O PUNK ROCK EM TRÊS FILMES



E chegou mais uma hora de descarregar mais de um filme em uma só postagem. É a oportunidade, afinal, de eu me livrar de A GRANDE NOITE (2012), que estava há séculos na lista de filmes a comentar. A ideia veio de outros dois filmes que também lidam com a temática do punk rock, vistos mais recentemente, NÓS SOMOS AS MELHORES! (2013) e DEPOIS DA CHUVA (2013). São filmes completamente diferentes entre si, mas pelo menos têm um elo em comum. Falemos um pouco deles.

A GRANDE NOITE (Le Grand Soir) 

Dirigido pela dupla de cineastas Gustave Kervern e Benoît Delépine, A GRANDE NOITE nos apresenta a dois irmãos que seguem vidas completamente distintas. Um deles se autointitula o mais velho punk vivo e costuma andar com seu cachorro pelas ruas, seu penteado moicano e seu desprezo pelo capitalismo e por todas as instituições. Vive de favor da família, inclusive do irmão mais chegado, que trabalha em uma loja de móveis, mas que depois de uma briga com o patrão e é demitido resolve seguir a trilha do irmão. O filme não chega a ser muito animador e nem muito marcante. Passaria sem vê-lo, sem problema algum.

NÓS SOMOS AS MELHORES! (Vi är Bäst!) 

Curioso como Lukas Moodysson consegue trafegar por caminhos tão opostos. Ele já mostrou personagens no fundo do poço, como em PARA SEMPRE LILYA (2002). Desta vez faz um dos filmes mais simpáticos e leves da atualidade, mostrando duas garotinhas adolescentes que sonham em tocar em uma banda punk, embora não saibam tocar nenhum instrumento. Sua salvação vem de outra garota que também se sente deslocada de todos na escola. O diferencial é que uma menina protestante e certinha demais, diante do ateísmo das outras duas. Mas a garota sabia tocar muito bem violão e isso faria toda a diferença. NÓS SOMOS AS MELHORES!, porém, não é exatamente aquele tipo de filme de desafios e superação. Até pode ser, mas foge aos clichês, valorizando mais o relacionamento entre as próprias garotas e suas atitudes ingênuas diante da vida que está só começando.

DEPOIS DA CHUVA 

O punk rock está presente em DEPOIS DA CHUVA, estreia em longa-metragem de Cláudio Marques e Marília Hughes, em uma das melhores cenas: quando Caio (Pedro Maia, ótimo) toca na escola com os seus colegas uma versão punk rock mal tocado de “Negue”, conhecida na voz de Nelson Gonçalves, vestidos com roupas de mulher. Isso causa um horror nas professoras, que querem mesmo é ver a turma tocando o já manjado hino de protesto “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré. O filme retrata o momento das Diretas Já, quando ainda se discutia se haveria uma eleição direta ou indireta e os candidatos a presidência eram Tancredo Neves e Paulo Maluf. O mérito do filme está justamente em mostrar um sentimento de desencanto diante daquele momento que para muitos representa uma vitória para o povo brasileiro. DEPOIS DA CHUVA acompanha o jovem Caio e suas insatisfações diante da vida e da política. Só achei que faltou mais força no final, bem como mais paixão nas cenas de Caio com a namoradinha. Mas é, definitivamente, o caso de acompanhar a carreira dos jovens cineastas baianos.

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