sábado, janeiro 03, 2015

HISTÓRIAS DE AMOR (Liberal Arts)



Que delícia que é este HISTÓRIAS DE AMOR (2012), que ganhou este título genérico no Brasil por falta de alguém que talvez tivesse de fato visto o filme ou tivesse o mínimo de sensibilidade. O filme de Josh Radnor, que também é um dos protagonistas ao lado da encantadora Elizabeth Olsen, é daqueles que nos pegam pelo coração. Há algo de antiquado em sua narrativa, ao mesmo tempo em que dialoga com a nova geração.

E esse diálogo temporal combina com a própria temática do filme. O enredo principal mostra o relacionamento entre Jesse (Radnor), um rapaz de trinta e tantos anos, e Zibby (Olsen), uma garota de vinte e poucos, que se conhecem quando Jesse viaja para a cerimônia de despedida de um dos professores de Literatura da Universidade de Ohio, vivido por Richard Jenkins. Morando em Nova York, Jesse atravessa um momento difícil, depois de ter se separado da mulher. Mas ele se consola nos livros, que estão presentes ao longo de todo o filme e são elementos de amor e agentes de construção de identidades.

A questão da idade atormenta Jesse, que se incomoda com o fato de Zibby ser 16 anos mais jovem do que ele, o que é uma bobagem e isso nos incomoda, embora haja também pontos de identificação com o personagem. O problema é que Olsen faz uma Zibby encantadora demais para se pensar duas vezes em não querer ter um relacionamento, embora saibamos que na vida real também fazemos burradas.

Diferente de outros filmes em que o sexo surge de maneira tão mais rápida, o relacionamento entre Jesse e Zibby ganha contornos mais fortes quando eles estão distantes, se correspondendo com cartas manuscritas, à moda antiga, por sugestão dela. E este é de fato um dos momentos mais belos do filme, pois lida também com a música erudita, com a relação entre a música e a cidade (o que de certa forma lembra um pouco MESMO SE NADA DER CERTO, de John Carney) e com a tensão sentimental que passa a existir entre eles graças à distância e ao apego que cresce.

Quanto aos livros, curioso como um dos momentos de desgaste do relacionamento dos dois surge a partir de um livro bobo como Crepúsculo, mas a discussão que surge e que é muito bem defendida por Zibby não deixa de ser também bem interessante. Há também o caso de um rapaz com depressão que lê um livro (não mencionado) depressivo e a relação de Jesse com uma de suas professoras favoritas, de literatura romântica.

HISTÓRIAS DE AMOR é um filme que transborda amor por todos os lados e isso ajuda bastante a conquistar o espectador. Principalmente aquele que vem das Ciências Humanas e sabe muito bem o valor dos livros e da música. E de como essas duas formas de arte se relacionam de modo tão intenso com a vida.

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