quarta-feira, fevereiro 15, 2006

SYRIANA - A INDÚSTRIA DO PETRÓLEO (Syriana)

 

Alfred Hitchcock costumava dizer que era essencial que a platéia soubesse o que estava acontecendo no filme. Só assim o suspense poderia se instalar. SYRIANA (2005) não é bem um filme de suspense, embora haja momentos de apreensão e expectativa característicos do gênero. Mas não pude deixar de pensar em Hitchcock quando eu me vi completamente perdido na trama. Cheguei a ler algumas críticas que diziam que a intenção do filme era mesmo causar uma sensação de desorientação e confusão para mostrar a complexidade da política internacional, do comércio exterior, da cultura e religião no Oriente Médio. Se a intenção de Stephen Gaghan foi mesmo essa, só tenho que lhe dar os meus parabéns.

Mesmo assim, acredito que quem tem um conhecimento maior sobre política exterior, negociações com petróleo etc. deve se sair bem melhor do que eu na tarefa de entender toda essa confusão que o filme nos apresenta. Assim como TRAFFIC (2000), filme roteirizado por Stephen Gaghan, SYRIANA se apresenta em blocos de histórias. Temos a história de George Clooney, que trabalha para a CIA como espião e tem que lidar com decepções e com a violência desse mundo, tendo, inclusive, que sofrer torturas e ameaças de morte; a história de Matt Damon, onde ele é um consultor de empresas ligadas ao mundo do petróleo que lida com uma tragédia na família; a história intrincada de Jeffrey Wright, onde ele é um advogado que encara um dilema; e finalmente, a história de Mazhar Munir, um jovem paquistanês que acaba sendo convencido que pode fazer muito mais por sua família tornando-se um homem-bomba.

Das quatro tramas do filme, as mais fáceis de entender, ainda que também bastante complexas, são as tramas de Matt Damon e de Mazhar Munir. As de Clooney e Wright me deixaram completamente perdido. Fiquei me perguntando se porque eu sou muito burro (ou muito ingênuo) para esse tipo de filme ou se o diretor errou em não saber tornar o filme um pouco mais palatável. Talvez uma montagem melhor ou uma abordagem um pouco mais didática não fosse mais interessante, até para nos ensinar. Sei que didatismo no cinema não é algo muito bem visto, mas nesse filme, confesso que senti falta disso. Foi nessa hora que eu vi que deveria mudar de hábito, deixar de ir direto para o caderno de cultura dos jornais e procurar me inteirar mais sobre política internacional, por mais chato que isso possa ser. Porém, como fã de Hitchcock que sou, culpo o diretor.

SYRIANA foi o segundo longa-metragem dirigido por Stephen Gaghan e foi indicado para os Oscars de ator coadjuvante (George Clooney) e roteiro original (do próprio diretor). O diretor de fotografia, Robert Elswit, foi indicado ao Oscar também, mas pelo filme BOA NOITE E BOA SORTE. O primeiro filme de Gaghan foi SEM PISTAS (2002), thriller com a Katie Holmes, que não cheguei a ver. Não chegou a passar nos cinemas daqui e nem foi bem recebido pela crítica.

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