quinta-feira, junho 23, 2005

COM A MALDADE NA ALMA (Hush...Hush, Sweet Charlotte)



Desde que vi há pouco tempo o genial A MORTE NUM BEIJO (1955) e saí do cinema dizendo "putaquepariu" umas quinhentas vezes, que tive certeza que Robert Aldrich seria um cineasta que eu faria questão de acompanhar a obra completa. A chance de ver mais um título de Aldrich aconteceu quando passou na última sexta-feira na Globo COM A MALDADE NA ALMA (1965), segunda parceria do diretor com Bette Davis, logo após o sucesso de O QUE TERÁ ACONTECIDO A BABY JANE? (1962).

O filme também contaria com a presença de Joan Crawford, mas a atriz pulou fora do projeto, mesmo tendo já filmado algumas cenas. Ela e Bette não se entendiam, mas ela acabou saindo do filme por problemas de saúde. Em seu lugar, foi chamada do ostracismo Olivia De Havilland. E eu não consigo imaginar o filme sem Olivia. Ela imprime uma sofisticação ao filme que eu acho que Joan não conseguiria. Por outro lado, Joan teria tornaria o clima ainda mais sinistro. Uma curiosidade: dizem que quem está dentro do táxi na cena que mostra Miriam (a personagem de De Havilland) chegando na casa de Charlotte (Bette Davis) é Joan Crawford. Como não dava pra ver quem estava dentro do táxi, essa cena não foi refilmada.

Misto de drama psicológico com filme de terror, COM A MALDADE NA ALMA é ainda mais bizarro que "Baby Jane", lembrando também em alguns momentos DIABOLIQUE, de Henri-Georges Clouzot. A história começa no sul dos EUA no final dos anos 20, quando Bruce Dern, um homem casado, está sendo ameaçado por um rico fazendeiro da região por estar tendo um caso com sua filha de nome Charlotte. Ele pressiona o rapaz para que ele termine o namoro com a filha. É numa festa que acontece uma tragédia digna de filmes de horror cheios de gore: o personagem de Bruce Dern é assassinado, perdendo uma mão e a cabeça. O filme avança algumas décadas no tempo e mostra Charlotte vivendo reclusa numa casa ameaçada de ser demolida. As coisas ficam ainda piores pra ela com a chegada de sua prima Miriam (De Havilland), que com a ajuda de Joseph Cotten, tenta enlouquecer Charlotte com uma trama diabólica.

Na pequena entrevista que Aldrich dá para Peter Bogdanovich do livro Afinal, Quem Faz os Filmes, ele lamenta que os dois filmes com Bette Davis tenham sido realizados tão próximos um do outro. Ele também conta que prefere trabalhar com um elenco masculino. Segundo ele, "as mulheres gostam de se prender ao que praticaram e ensairam", não topando mudanças bruscas de planos nas filmagens.

Pra terminar, duas coisas: 1) sim, eu ainda vou criar vergonha e assistir OS DOZE CONDENADOS (1967); 2) Amanhã, sexta-feira, a Globo vai exibir no Corujão outra obra imperdível do cinema de horror: OS INOCENTES (1961), de Jack Clayton. Preparem os videocassetes.

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