segunda-feira, novembro 02, 2015

UM AMOR A CADA ESQUINA (She's Funny That Way)



De um dos nomes mais importantes da chamada Nova Hollywood, tendo iniciado com filmes como NA MIRA DA MORTE (1968) e A ÚLTIMA SESSÃO DE CINEMA (1971), Peter Bogdanovich foi se transformando num homem de televisão nos últimos anos. Depois de UM SONHO, DOIS AMORES (1993), o cineasta só chegou a fazer um filme para cinema, O MIADO DO GATO (2001), e desde então, só vemos produções para a televisão, de telefilmes a direção de episódios de séries, o que não quer dizer que isso seja uma decadência, levando em consideração a atual qualidade da TV americana, mas não deixa de passar uma impressão de afastamento pouco voluntário.

UM AMOR A CADA ESQUINA (2014) é o seu retorno aos cinemas. Pode até não ser um retorno glorioso, mas é muito difícil ver o filme e não dar umas boas gargalhadas ou ficar sorrindo com as situações, que parecem mesmo tiradas de comédias antigas, feitas nas décadas de 1930, por exemplo. O começo do filme ao som de jazz dessa época contribui com essa impressão. Embora se passe nos dias de hoje, o sabor de seu novo trabalho é de filme velho, embora muita gente o compare com o tipo de humor que Woody Allen faz, embora seja uma comparação válida.

A personagem central da trama é uma moça chamada Isabella, interpretada por Imogen Poots, que tem um tipo físico que parece agradar Bogdanovich, semelhante ao de Samantha Mathis, de UM SONHO DOIS AMORES, e Kirsten Dunst em O MIADO DO GATO, justamente os dois últimos filmes para cinema do diretor. Isabella é uma moça de família humilde que sonha em ser atriz de cinema, mas que, enquanto isso não é possível, vai ganhando a vida como garota de programa. Um dia ela topa com um diretor de teatro da Broadway (Owen Wilson), que lhe paga uma boa quantia em dinheiro para que ela largue aquela vida.

Como o jogo de coincidências é o combustível desta comédia, Isabella vai parar justamente numa audição para uma peça do tal diretor, para interpretar justamente uma prostituta. Ela encanta a todos da equipe. Até a esposa do diretor (Kathryn Hahn) a vê como a atriz perfeita para o papel. Aquela situação também seria ideal para que o ator principal da peça, vivido por Rhys Ifans, pudesse dar em cima da esposa do diretor.

Nessa ciranda de amores e confusões, muita coisa acontece, e há uma participação bem interessante de Jennifer Aniston como uma psicóloga meio maluca. Engraçado como a atriz tem se especializado nesse tipo de papel (lembra, por exemplo, a dentista de QUERO MATAR MEU CHEFE). Aniston não deixa de ser boa no que faz, mas o papel passa uma sensação de que já vimos isso antes. No mais, é um filme tão despretensioso que poderia ser facilmente esquecido se não tivesse a assinatura de Bogdanovich e um bom elenco.

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